É uma original realidade de fé: Deus, sendo único, é simultaneamente plural, é trindade de pessoas divinas. Em Deus existe uma paternidade, uma filiação e um amor pessoal. Trata-se de um mistério, não no sentido de ser algo tão complexo e obscuro que é incompreensível. Mistério porque é uma realidade tão profunda e rica que ultrapassa a pequenez da nossa inteligência. A Trindade Santíssima é um mistério porque o amor que Deus nos tem é desmedidamente imenso.
1ª LEITURA: Livro do Deuteronómio 4, 32-34.39-40
Segundo a palavra inspirada do livro do Deuteronómio, devemos estar conscientes que a nossa relação com Deus não parte de zero. Relacionamo-nos com o nosso máximo benfeitor, que desde a criação sempre nos tem brindado com novos presentes de graça. Deus é único e incomparável, sempre do nosso lado, em aliança eterna. Os mandamentos que nos prescreve é para que mantenhamos aberta a porta para receber os presentes que nos quer oferecer, a fim de que possamos viver felizes no amor.
2ª LEITURA: Epístola de São Paulo aos Romanos 8, 14-17
São Paulo, escrevendo há dois mil anos, aos cristãos de Roma, e hoje a todos nós, usa palavras comoventes, pois nos recorda o nosso verdadeiro estatuto perante Deus infinito. Não somos seus servos ou empregados – embora ter um senhor e um patrão tão importante e amoroso já seria um privilégio. Pelo Espírito, somos filhos do próprio Deus. Realmente filhos, não por direito, mas por generosa adoção. E São Paulo conclui dizendo que este maravilhoso estatuto será confirmado pela herança que receberemos do Pai: toda a sua celestial riqueza nos será concedida em herança eterna.
EVANGELHO: São Mateus 28, 16-20
A fórmula ritual do Batismo, que Mateus nos recorda na conclusão do Evangelho, explicita a Trindade pessoal de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus faz como que um seguro de vida do cristão: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”.
Celebrar a Santíssima Trindade deve ser também ocasião para um exame de consciência, à imitação de Deus comunidade trinitária. Todo o individualismo, narcisismo e egocentrismo é uma heresia antitrinitária, uma apostasia do estilo plural e comunitário de Deus. Quanto mais vivermos em doação altruísta, mais imitamos a originalidade do Deus de Jesus Cristo.
Porque não aproveitamos o simples gesto do sinal da cruz “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” que traçamos repetidamente sobre nós, para nos enamorarmos sempre mais da nossa amabilíssima Família Trinitária?
Contemplemos ainda o domingo do Senhor com o Salmo 32 (33) – Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
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