Sendo Deus amor, a sua lei não pode ser senão amar

No 30º Domingo do Tempo Comum a Liturgia da Palavra ensina que Jesus simplifica tudo, resumindo toda a lei no duplo mandamento do amor: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito… e amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

1ª Leitura | Livro do Êxodo 22, 20-26
Salmo 17 (18), 2-3.7.47.51 | Eu Vos amo, Senhor: sois a minha força.
2ª Leitura | 1 Tessalonicenses 1, 5c-10
Evangelho | Mateus 22, 34-40

foto | Tim Marshall, Unplash

O livro do Êxodo apresenta-nos Deus como protetor dos desprotegidos. A omnipotência divina é usada em favor dos mais frágeis. São mencionados como prioritários a serem protegidos: os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Usos e abusos dos indigentes são infelizmente comuns, ontem e hoje. Desrespeitar o próximo necessitado é ofender a Deus, que se apresenta como o seu defensor. Aproveitar-se da penúria de alguém que precisa de um empréstimo, extorquindo juros, é um pecado que brada aos céus. Esta é a doutrina da palavra de Deus, vários séculos antes de Jesus Cristo, e de grande atualidade no presente século XXI.

São Paulo elogia a comunidade dos cristãos de Tessalónica, cujo exemplo tem sido um estímulo para outras comunidades. Ele mesmo pregou com o testemunho da sua vida, passando por tribulações e mantendo a alegria, fruto do Espírito de Jesus Cristo. Também aqui se verifica a verdade do ditado latino: “As palavras voam, mas os exemplos arrastam”. Como nos recorda Santo António de Lisboa: “A linguagem é viva quando falam as obras. Calem-se, portanto, as palavras e falem as obras”.

No tempo de Jesus, os rabis, os mestres na lei de Deus, tinham-na resumido em 613 mandamentos, sendo 365 preceitos negativos (tantos quantos os dias do ano), com a indicação de ações proibidas, e 248 positivos (número de elementos do corpo humano, segundo a ciência da época), explicitando o que se devia fazer. Era uma floresta complicada de normas e leis. Por isso, Cristo adverte fortemente os doutores da lei: “Ai de vós, porque carregais os homens com fardos insuportáveis!” Jesus simplifica tudo, resumindo toda a lei no duplo mandamento do amor: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito… e amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Sendo Deus amor, a sua lei não pode ser senão amar. Provamos que somos de Deus amando.