Uma das maiores manifestações da fé é o martírio (do grego martýrion, que quer dizer testemunho). O martírio é um tormento infligido a alguém devido à sua luta na defesa de uma certa causa, doutrina, crença, etc., esse tormento pode ser até a morte (sempre com muito sofrimento)
No apogeu dos Descobrimentos, aquando das primeiras missões, foram muitos os que perderam a vida em territórios hostis à fé católica: franciscanos, jesuítas, dominicanos e outros tantos viram muitos irmãos perecer na sua missão de “ir por todo o mundo e pregar o Evangelho”.
São Gonçalo Garcia é um desses exemplos e a sua historia de vida é quase desconhecida em Portugal. Nasceu na Índia Portuguesa, Baçaím, filho de um português e de uma indiana, Fez os seus estudos no Colégio dos Jesuítas, na sua cidade e aos vinte e cinco anos foi para o Japão, na intenção de se dedicar ao comércio, uma vez que já conhecia bem todo o Oriente e as rotas comerciais.
Ao chegar ali, mudou de planos: como dominava bem a língua nipónica, tornou-se catequista para ajudar os padres jesuítas, serviço que prestou durante dez anos, tendo havido um número significativo de conversões. Posteriormente, viajou para as Filipinas e ali enamorado pela vida pobre e penitente dos franciscanos, solicitou permissão para integrar a Ordem dos Frades Menores como irmão religioso.
Então, foi designado para ser o companheiro e intérprete do Comissário São Pedro Batista, quando este viajou para o Japão. Os cristãos nipónicos que o tinham conhecido antes de ingressar na Ordem, acolheram-no com entusiasmo, o que lhe facilitou o trabalho nas diversas obras missionárias.
Um decreto de prisão contra os franciscanos, abriu também para Gonçalo Garcia o caminho do martírio. Preso com os seus irmãos, cortaram-lhe a orelha esquerda, e em seguida, colocaram-nos num carro e percorreram toda a cidade de Meaco e várias regiões até chegar a Nagasaki. Ali, na Colina dos Mártires ou Monte dos Mártires, foram crucificados de “forma grandiosa”. No caso de São Gonçalo Garcia, duas lanças cruzadas transpassaram-lhe as costas e atingiram o seu coração. Tinha então, 40 anos de idade. Um dos seus companheiros de cruz era São Paulo Miki, o primeiro sacerdote missionário japonês.
Estes homens de diferentes idades e de diversas ordens religiosas foram deixados à vista das gentes, para servirem como exemplo para todos os que ousassem afrontar uma ordem do Imperador.
Foram canonizados por Pio IX, em 8 de junho 1862.
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