A pregação de Jesus questiona a forma como assumimos o mandamento do amor na base do “sempre se fez assim”, desafiando-nos a assimilar um amor inclusivo, dirigido a todos, mesmo aos inimigos e aos que nos odeiam.
Realizar este desafio garante originalidade a quem o assume, diferenciando o discípulo de Jesus dos pecadores e aproximando-o cada vez mais do exemplo do Pai do céu que é misericordioso, a quem Jesus convida a imitar (Lc 6,36). Deus é, efetivamente, o grande modelo de amor e misericórdia. Sendo Pai, é natural que os filhos procurem imitá-l’O, honrando a sua herança. O amor misericordioso do Pai, assumido pelos cristãos, é uma espécie de ADN que torna mais explícita a imagem e semelhança de Deus conferida na criação.
1ª Leitura: Primeiro Livro de Samuel 26, 2.7-9.12.22-23 — “O Senhor entregou-te nas minhas mãos, mas eu não quis atentar contra ti”
Toda a palavra da Sagrada Escritura é revelação de Deus, da primeira página até a última, mas é uma revelação gradual, progressiva, que acompanha o próprio crescimento da vida de fé do povo de Deus. O que o Evangelho há-de revelar acerca de Deus e dos seus desígnios de misericórdia e salvação já , sem dúvida menos claramente, o revelara o Antigo Testamento. Assim nesta leitura, já na atitude bondosa e pacífica de David se antecipa aquela palavra da lei nova que o Senhor há-de proclamar no Evangelho: “Amai-vos uns aos outros…”.
Salmo 102 (103) — O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
2ª Leitura: Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios 15, 45-49 — “Assim como trazemos em nós a imagem do homem terreno, procuremos também trazer em nós a imagem do homem celeste”
Continuando a expor a doutrina sobre a ressurreição, o Apóstolo estabelece o confronto entre o primeiro homem da primeira criação, Adão, de quem nascem todos os mortais, e o novo Adão, Cristo, o Primeiro da nova humanidade dos filhos de Deus, que vivem para Deus da vida imortal de Cristo ressuscitado.
Evangelho: São Lucas 6, 27-38 — “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso”
O comportamento do discípulo de Cristo é a resposta ao que o Mestre tem para com ele, que tudo se resume na palavra: “Amai-vos como Eu vos amei”. Mas, por sua vez, a atitude de Jesus para como os homens é a manifestação da atitude do coração do Pai, de quem Ele, Jesus, é a imagem perfeita, encarnada no meio dos homens. Esta imitação que somos chamados a realizar não é alguma coisa que fazemos fora e de longe, mas como membros que somos do próprio Cristo, o Filho de Deus, no qual também nós somos filhos do Pai celeste, “filhos no Filho”.
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