Estamos no 15º domingo do tempo comum! Vejamos o que a Liturgia da Palavra nos ensina:
O profeta Amós (Amós 7, 8-12) viveu num tempo de grande prosperidade económica. Contrastando com a abundância de bens materiais, abundavam também as injustiças, com os ricos sempre mais ricos à custa de empobrecer os pobres. A justiça era feita a quem a comprava. A prática religiosa reduzia-se ao esplendor do culto feito por corações divorciados de Deus.
Chegado Amós ao santuário real de Betel, o sacerdote Amasias ordena que vá pregar para onde quiser, mas que os deixe em paz. Amós defende a sua missão, dizendo que é um simples pastor, mas que recebeu de Deus uma ordem: “Vai profetizar ao meu povo de Israel”. O importante não é fazer coisas que atraiam elogios e aplausos, mas cumprir o que Deus nos pede, mesmo que isso comporte reações hostis, a bem-aventurança da perseguição.
No início da carta aos cristãos de Éfeso (Ef 1, 3-14), vem uma bela oração de bênção, agradecendo a Deus pelas maravilhas que tem feito a nosso favor. A bênção é a mais característica das orações judaicas. Aqui não se agradecem bens materiais como colheitas abundantes e grandes rebanhos, mas “toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo”. É que somos beneficiados com uma interminável história de salvação, até chegar à plenitude dos tempos, em que todas as coisas são instauradas em Cristo, sendo nós herdeiros das riquezas da sua graça. Nunca agradeceremos suficientemente o facto de Deus nos beneficiar com a superabundância dos seus dons, feito nosso omnipotente servidor e amigo.
Jesus envia os seus apóstolos dois a dois (Mc 6, 7-13), não propriamente para fazerem companhia um ao outro, mas como uma pequena comunidade que há de criar outras comunidades de seguidores de Jesus. O individualismo não tem lugar em quem é de Cristo. Só somos de Cristo se fizermos parte de uma comunidade cristã. Aceitar a pessoa de Jesus é assumir ser parte da sua Igreja.
Os apóstolos são diferentes dos rabis, dos mestres judaicos. Estes não iam à procura de discípulos. Eram estes que procuravam os mestres. Nesta linha podemos ver como o atual Papa Francisco insiste connosco para sermos uma “Igreja em saída”, disponível para ir ao encontro das pessoas, ultrapassando a nossa zona de conforto.
Cristo recomenda aos apóstolos para partirem em missão de um modo despojado de apoios materiais: sem pão, alforge, dinheiro. É que a força da sua missão não virá de ajudas e seguranças que dão os bens deste mundo, mas do poder de Cristo que os envia em missão. Em que confio mais: nos bens materiais ou na presença do Senhor que me ama e envia em missão na família, na comunidade, na Igreja e no mundo?
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