No artigo anterior, vimos como lidar com as birras dos 2, 3 anos e ajudar os nossos filhos a tornarem-se inteligentes emocionalmente.
Hoje e nos próximos artigos, gostava de falar de um outro aspeto, muito importante, que por vezes dificulta o nosso relacionamento com os nossos pequenos, que é a linguagem do amor.
Gary Chapman, autor de vários livros sobre as linguagens do amor, explica-nos que cada um de nós tem a sua forma de exprimir e de se sentir amado, no entanto, a outra pessoa pode não se sentir amada com essa forma de amar. Isto é, ele refere que existem cinco linguagens do amor e que cada um de nós tem uma que é dominante e onde se sente mais amado, precisamos é de descobrir a linguagem do amor do outro, para, dessa forma, o amarmos da maneira que ele se vai sentir amado.
Com as crianças passa-se exatamente o mesmo, cada uma, por mais pequenina que seja, tem já a sua forma de se sentir amada e especial e nós, pais, precisamos descobrir qual a linguagem do amor dos nossos filhos e tentar amá-los dessa forma.
“Mas porque isto é assim tão importante, se eu lhes dou abraços, beijinhos e digo que os amo eles entendem!” Sim, eles entendem, mas o seu “depósito de amor”, segundo Chapman, não se enche, logo, a criança não se vai sentir preenchida com o amor dos seus pais, ainda que entenda, cognitivamente, que eles a amem. “Cada criança possui um depósito emocional, um reservatório de energia emocional que o alimenta através dos desafiantes dias da infância e da adolescência. Assim como os carros são alimentados pelo combustível armazenado nos seus depósitos, (…). Devemos encher os depósitos emocionais dos nossos filhos para que eles possam operar como devem e alcançar todo o potencial de que são capazes.”
O depósito emocional dos nossos filhos precisa ser cheio com algo que Chapman refere como “amor incondicional”, isto é, de amor verdadeiro, que é total e livre, que aceita a pessoa como ela é e não pelo que ela faz, diz, consegue. Desta forma, não importa o que a criança faz (ou não faz), os seus pais vão sempre amá-la. No entanto, nem sempre nos expressamos desta forma, podemos estar a amar os nossos filhos de forma condicional, isto é, quando associamos o nosso amor a recompensas, presentes, privilégios, após determinado comportamento. Isto pode ser feito, mais à frente, quando o depósito emocional está cheio, caso contrário eles não se vão sentir seguros do nosso amor. “Somente o amor incondicional previne problemas como ressentimento, amargura, sentimentos de não ser amado, culpa, medo e insegurança. Só quando damos aos nossos filhos o amor incondicional somos capazes de compreendê-los profundamente e de lidar de maneira adequada com seus comportamentos, sejam eles bons ou maus.”
Amar de forma incondicional não é mimar os nossos pequenos, mas é dar-lhes a certeza do nosso amor, não importa o que aconteça ou o que eles façam. Para isto é preciso pensarmos em alguns pontos e refletir neles, de vez em quando:
- Os nossos filhos são crianças e não adultos, portanto agem como crianças. Muitas vezes olhamos para fotos deles em pequeninos e arrependemos de determinadas atitudes que tivemos, pois eram pequeninos! Pois é, podemos fazer isso já hoje!
- Eles vão crescer e essa atitude irritante que ele tem hoje vai passar. A maioria dos comportamentos infantis são irritantes, chatos, mas passam!
- Quanto mais eu desvalorizar esses comportamentos desagradáveis menos eles vão aparecer e quanto mais valorizar os comportamentos bons, mais eles vão aparecer. Os nossos filhos também gostam de nos ver bem, a sorrir, divertidos e, portanto, também eles provocam esses comportamentos em nós. Vamos desvalorizar e não alimentar o que não queremos neles.
- Não pensar que os nossos filhos fazem de propósito para nos irritar. Não podemos partir desta premissa, pois dessa forma iremos reagir numa atitude defensiva ou de vingança, até. O nosso pensamento precisa ser antes de benevolência e dúvida e agir na medida da idade da criança que tenho à frente.
Vamos ser os pais que gostávamos de ter para nós, o amor nunca é demais e tenha sempre esta frase em mente “Ele/ela é só uma criança, pensa e age como criança, eu é que sou o adulto e preciso amar e orientar esta criança”.
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