“Se souberes separar o que tem valor do que não presta” (Je. 15,19)
“Tu serás a Minha boca”- diz o Senhor (Je. 15, 19)
Digo esta frase muitas vezes aos meus filhos quando rezamos juntos. Digo-a desde pequeninos e reforço -a junto dos meus adolescentes. O mais importante é que saibam separar o que tem valor do que não presta para assim fazerem boas escolhas e tomarem decisões acertadas. Mas, para os filhos chegarem a saber separar o que tem valor do que não presta importa que os pais os guiem, orientem e ensinem. Para isso, é fundamental que os pais saibam eles próprios separar o que tem valor do que não presta.
E no meio desta vida agitada, o que é que tem valor?
Os valores são tudo o que é importante. Os valores estão na base dos comportamentos e das atitudes; fortalecem a estrutura pessoal, constroem a personalidade, reforçam a coesão familiar e orientam a nossa maneira de viver.
É importante que numa família se conheçam bem os valores e que estes sejam partilhados, ensinados, transmitidos. Só assim, os elementos da família podem expressá-los plenamente na sua vida quotidiana.
Os valores são o alicerce da vida. Determinam a importância de uma situação e o nosso comportamento perante a mesma. São responsáveis pelos nossos estados emocionais e pela nossa motivação. Eles definem e defendem o que é verdadeiramente importante!
Sabendo que o nosso destino é o Céu e conhecendo os valores que guiam a família cristã, então a tarefa de separar o que tem valor do que não presta torna-se possível. Mesmo no meio do nevoeiro em que tantas vezes caminhamos.
Para uma família cristã a vida humana tem valor sempre. Em qualquer fase, em qualquer circunstância.
O perdão tem valor sempre.
Amar a Deus sobre todas as coisas tem valor sempre.
Amar o próximo como Cristo nos amou tem valor sempre.
A verdade tem valor sempre.
Os mandamentos todos têm valor sempre. As obras de misericórdia têm valor sempre. A sadia convivência, a castidade e a pureza têm valor sempre e em qualquer circunstância. A confiança na Divina Providência e o abandono à vontade do Pai têm valor sempre. E poderia continuar…
Assim, quando somos chamados a decidir sobre o aborto, eutanásia, cuidados paliativos, eugenia, defesa da vida ou promoção da maternidade, sabemos bem o que escolher e porquê.
Quando somos desafiados a dar o nosso perdão, sabemos responder prontamente agradecendo a Deus termos tanto que perdoar, afinal essa é a medida que Deus usará para nos perdoar.
Quando temos de parar para rezar ou para celebrar a eucaristia sabemos fazê-lo com redobrada alegria pois conhecemos Quem é mais importante!
Quando alguém com a sua personalidade exaspera o nosso ser, sabemos respirar fundo e suplicar a Deus o dom do amor.
Não roubamos, não matamos, não mentimos. Não mentimos mesmo nas coisas pequeninas e nas quais podíamos ser muito beneficiados. Mas, sabemos que a Verdade tem valor e foi isso que escolhemos e por isso não mentimos.
Não enganamos. Mesmo se no nosso trabalho temos essa oportunidade.
E ensinamos isso aos nossos filhos…mesmo se na escola podíamos copiar, enganar, fazer batota. Não fazemos.
E enquanto são crianças educamos para a pureza de coração, para o Amor e para o respeito. E por isso, quando chegam a jovens não os entupimos em contraceptivos, não dizemos que sexo é bom só porque sim, nem chamamos divertimento a festas com excessos ou fora de horas. Não temos medo de ser retrógrados e educar para o pudor, para a ternura, para a estima, para a família.
Não temos medo de separar o que tem valor do que não presta. De ser claros e inequívocos nisso.
Não podemos ter medo.
Precisamos sim, buscar em Deus e na oração quotidiana, o dom do discernimento para que Ele nos vá ensinando a peneirar os assuntos, as ideias, as opiniões e nos conduza à Verdade, para que, iluminados pela Luz de Cristo, possamos fazer em cada dia a vontade do Pai.
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