Decorria o ano de 1984, e a banda germânica Alphaville lançava o sucesso “Forever Young”. Quase quarenta anos depois, poucos se lembrarão do nome desta banda, mas serão muitos os que ainda sabem cantar este refrão: “Forever young! I want to be forever young! Do you really want to life fovrever? Forever, and ever”. É uma música que ficou eternizada, talvez não tanto pela sua musicalidade, mas por aquilo que tenta transmitir: o desejo da eterna juventude e o desejo de vida eterna.
Desde os anos 80 até aos nossos dias, é inegável que este ideal da eterna juventude vem crescendo e ganha cada vez mais consistência. Parecem ser poucos aqueles que não suspiram e se esforçam por se manterem eternamente jovens. No meio das cirurgias plásticas e produtos cosméticos que se multiplicam, de adultos que insistem em estar nas redes sociais como se de jovens se tratassem, há quem afirme que as pessoas de meia-idade atravessam uma verdadeira crise de “adultescência”. E é fácil perceber o porquê… A vida dos jovens parece, hoje em dia, bem atrativa: poucas são as grandes responsabilidades, multiplicam-se as diversões, as festas, as saídas noturnas, as paixões, as oportunidades de estar com os amigos, as possibilidades de fazer novas experiências e descobertas, viagens…
Mas, porque vos falo de tudo isto?
Este ideal de eterna juventude surge muitas vezes associada (tal como na música) ao ideal de vida eterna. E, em tempo de Páscoa, é disto que falamos: vida eterna. Mas será, então, que Cristo quer fazer de nós eternos jovens para que, cheios de energia e sem rugas no rosto, possamos sentir-nos já parte da eternidade? De forma nenhuma!
A eternidade começa hoje, no aqui e agora da nossa história, mas não se faz de uma vida sem manchas ou rugas. Pelo contrário, a eternidade constrói-se com a fadiga de decisões que implicam muitas vezes sofrimento. Ou não fosse o nosso modelo alguém que teve de passar pelo sofrimento da cruz, para nos fazer participantes dessa mesma eternidade.
É porque a eternidade se constrói em cada momento que, enquanto jovens, podemos e devemos viver e entregar-nos a cada coisa ao máximo. É por isso que o Papa Francisco diz aos jovens, logo no início da Christus Vivit, “Cristo vive e quer-te vivo!”.
Ser jovem é apaixonante, e pode ser uma das melhores fases da nossa vida. Mas só o será se não estagnarmos aí. Teremos de saber aproveitar a nossa juventude para nos capacitarmos dos nossos limites e das nossas fraquezas e, com Cristo, aprender a tomar aquelas decisões que valem uma vida, que valem a eternidade. Aí perceberemos que não fomos criados para ser forever youngs [eternamente jovens], mas para permanecer, em Cristo, forever alive [eternamente vivos]. Ou, para usar outra expressão inglesa mais juvenil, perceberemos que mais importante que o YOLO – You Only Life Once [só se vive uma vez] é o YALE – You’ll Always Live Eternally [viverás para a eternidade].
É com este pensamento que criamos esta série de artigos For Young, Ever Alive [Para jovens, sempre vivos]. Este é um espaço de opinião, de esclarecimento de dúvidas, de reflexão, para quem quer crescer na fé, nesta fase das grandes emoções e decisões. Um espaço de encontro com este Cristo, que vive e quer-te vivo, e que te acompanha neste processo de crescimento e maturação, não para que fiques eternamente jovem, mas para que possas alcançar a vida eterna.
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