Andando por aí… No Convento de Balsamão: a presença de Deus que anima e acolhe

“Balsamão!

Silêncio que fala, brisa que refresca, calor que aquece, vento que sacode, perfume que inebria, fé que eleva, esperança que anima, caridade que inflama, paz que se transmite, Deus que se revela!”

Assim, somos acolhidos no Convento de Balsamão: um folheto com estas palavras e uma paisagem deslumbrante.

Do alto do monte ou da pequena torre do castelo ou do miradouro, percebe-se a certeza de um Deus amoroso, de um Deus criador, que por amor nos oferece toda a Sua criação, para nós cuidarmos e preservarmos. É inexplicável a paz que ali se respira, é indescritível a tamanha beleza: os diferentes verdes das folhagens das árvores, dos arbustos e das ervas, o azul imenso do céu que toca as serranias em volta, os salpicos das flores que surgem ao sol de Inverno já com gosto a Primavera. O perfume das mimosas e das amendoeiras, em flor. Tudo nos fala da beleza da Criação. Respira-se silêncio. Ouve-se a alma em acção de graças.Sente-se a vida a pulsar. Tudo convida ao recolhimento, à interioridade, à comunhão.

O convento de Balsamão dos Padres Marianos da Imaculada Conceição fica perto de Macedo de Cavaleiros, com os olivais de Chacim ao fundo, as termas de Abilheira em baixo e a Serra de Bornes como uma moldura.

Quando, em 1754, frei Casimiro e um companheiro, Frei João de Deus, chegam a este lugar (Balsamão) já ali vivia um grupo de eremitas, que os recebe muito bem e que se dispõe a integrar a ordem dos padres marianos.

Frei Casimiro viveu naquela comunidade cerca de um ano, mas quando faleceu, o povo já se referia a ele como o “santo polaco”, graças à preocupação que ele tinha com os mais necessitados. Não só exercitava a caridade como incentivava os seus confrades a seguirem o seu exemplo.

Com a expulsão das ordens religiosas (em 1834), o convento entra em ruínas, sendo readquirido pela Ordem em 1954, e posteriormente recuperado.

A Igreja do Santuário, paredes-meias com o convento, datada do século XVIII e completamente recuperada em 2010, é mantida pela paróquia local e pelas populações.

O quarto do frei Casimiro está preservado como “um pequeno santuário”: o catre onde partiu para a casa do Pai, poucos objetos pessoais, entre eles o baú que lhe serviu de mala de viagem desde a Polónia e alguns ex votos.

O Santuário tem ainda ao longo do caminho oito pequenas capelas onde se podem ver a agonia de Jesus, a flagelação, a coroação de espinhos, a subida ao Calvário, a queda, o despojamento das vestes e a morte. A última, é Maria, a Mãe com o seu filho morto nos braços. A mais querida do povo é a capela de Jesus a carregar a cruz. Talvez porque neste rosto sofredor o povo se reconheça. O povo simples, que ganha o pão com o suor do rosto, que espera dos Céus o tempo bom para as sementeiras e as colheitas. O povo que, por montes e vales, pedras e serranias leva a cruz do dia a dia. O povo de costas vergadas, de mãos crestadas pelo sol e pelo frio, de mãos calejadas mas de mãos unidas para pedir, louvar e agradecer. É este povo, humilde e agradecido, que deixa nesta capela muitos cajados em reconhecimento de curas milagrosas: esta capela é conhecida por Capela do Senhor dos Cajados.

Neste Santuário, nestas paisagens respira-se a presença de Deus que nos anima e acolhe: “estou aqui, para te animar, estou no Sacrário e na natureza, estou na igreja e nos campos, estou na comunhão e na comunidade.

Sou Eu, o mesmo de outrora, de hoje e de sempre! Nada temas!”

E mesmo subindo ao Calvário, neste tempo de temor e de algumas trevas, olhamos para o Céu e não tememos.

E diante desta imensidão de amor e de silêncio que fala em nós, mais uma vez podemos responder: “Jesus, eu confio em Vós!”