São razões sociais que motivam o adiamento de casamentos, considera D. José Cordeiro

Presidente da Comissão Episcopal Liturgia e Espiritualidade afirma que as celebrações comunitárias das Eucaristias, suspensas desde o dia 13 de março, são retomadas este fim de semana “na prudência e na segurança”, refere-se à Comunhão na mão ou na boca e apela a “formas mais seguras e mais criativas” para a realização de procissões

O presidente da Comissão Episcopal Liturgia e Ministério disse que “todos” desejavam que as celebrações “tivessem começado mais cedo”, que “todos têm acesso à Comunhão” e afirmou que são “razões sociais” que motivam o adiamento dos casamentos.

“Todos os sacramentos e sacramentais podem ser celebrados, seguindo estas linhas-guias, salvaguardando a saúde pública, o bem comum, a dignidade da pessoa humana”, disse D. José Cordeiro.

Para o bispo de Bragança-Miranda, “o Batismo, a Primeira Comunhão, o Matrimónio, passaram a ser um ato social” e, sem criticar, questiona se os possíveis adiamentos são por “uma razão de fé ou uma razão social”.

O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade lembrou que o adiamento foi considerado “num momento crítico desta pandemia”, rejeitando quem possa “embarcar numa ansiedade ou no pânico” e apelando a “toda a prudência, a obediência às indicações e às orientações” no recomeço das celebrações comunitárias das Eucaristias “na prudência e na segurança”.

“Todos queríamos que, eu também me incluo nesses, gostaria que tivessem começado bem mais cedo. As nossas orientações estavam prontas e foram aprovadas no dia 8 de maio, mas são as próprias circunstâncias deste contexto. Na prudência e na segurança quisemos começar, como corpo, conjuntamente”, afirmou
O bispo de Bragança-Miranda reconhece que “as pessoas têm uma grande consciência da gravidade da situação” atual e que “houve uma psicologia do medo, que foi em crescendo” e acredita que com as orientações que estão a ser implementadas nas igrejas há “todas as razões para celebrar com a melhor dignidade possível, com a solenidade possível, a plenitude da Páscoa que acontece no Pentecostes”.

No dia 13 de março a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) determinou que “os sacerdotes suspendam a celebração comunitária da Santa Missa”, medida que foi alterada no comunicado do Conselho Permanente da CEP do dia 2 de maio, onde se apontava a retomada gradual das celebrações comunitárias da Eucaristia no dia 30 de maio.

“O sábado será, de facto, o nosso grande teste nas celebrações”, disse D. José Cordeiro, depositando confiança “na competência, na inteligência, no bom senso” de todas as pessoas.

O presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Ministérios sublinhou que as orientações para o recomeço das celebrações comunitárias “foram feitas numa cooperação recíproca com a Direção-Geral da Saúde, com as demais autoridades e a Conferência Episcopal”, lembrando que “os cartazes são meramente indicativos”, cabendo a cada Diocese a sua concretização.

A respeito da comunhão, D. José Cordeiro lembrou que “a indicação é para que seja só na mão”, acrescentando que “se alguém aparecer” a insistir para receber na boca “terá de haver maiores cuidados”, mas “ninguém deixará de receber a Comunhão, porque não é possível que tal aconteça”.

“Todos têm acesso à Comunhão e isso exigirá um maior esforço. Agora, nós temos de ser corresponsáveis, cada um tem de tomar isto muito a sério, se calhar nunca se apelou tanto à responsabilidade de cada um como agora”, afirmou.
D. José Cordeiro referiu que há quem queira “ir muito para além do que está indicado” e outros “querem ficar muito aquém” e disse que “tem de se criar uma harmonia e, sobretudo, o tal bom senso humano e pastoral”.

Queremos que ninguém se contagie no âmbito de uma celebração litúrgica comunitária. Queremos, sim, que as celebrações sejam contagiantes de luz, de verdade, de paz”, afirmou

A respeito das procissões, nomeadamente marianas, nas festas populares e na Solenidade do Corpo de Deus, no início de junho, D. José Cordeiro disse que é necessário encontrar “formas mais seguras e mais criativas” para as concretizar

“Não querer fazê-las como há dois meses ou como no ano passado, no que respeita às festas e procissões, às expressões da piedade popular, mas sem deixar de as fazer”, indicou.
D. José Cordeiro considerou o tempo da pandemia “um grande teste” à fé dos crentes, uma ocasião em que “aconteceram tantas coisas belas na Igreja” e “algumas que ainda se desconhecem, nas famílias, nas paróquias, nas unidades pastorais, nas dioceses”.

Fonte: Renascença e Agência Ecclesia