Hoje celebramos o centenário do aniversário de nascimento de S. João Paulo II e deixamos um testemunho, cuja marca deixada por este santo mudou para sempre a sua vida.
“Jovens do mundo inteiro, é dentro dos caminhos da existência quotidiana que podeis encontrar o Senhor!” Mensagem do Papa João Paulo II na XII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 1997.
Esta é a frase que marcou a minha vida desde aquele Verão, em 1997. Tinha 19 anos e estava em Paris, juntamente com um milhão de jovens, a convite daquele Papa, já velhote, dobrado sobre si pelo peso de um corpo desgastado e ao mesmo tempo todo ele se entregava como oferta viva por nós. Essa imagem ficou, também ela, gravada profundamente em mim.
Foi a primeira vez que senti estar diante de um Santo! E como isso foi transformador! Afinal, os santos não eram apenas personagens de contos de fadas; ou heróis de outrora; nem pessoas sobrenaturais…eram gente de carne e osso, com qualidades e defeitos e a sua extraordinária diferença era a ousadia.
Ousadia de se entregarem por um Amor Maior. Ousadia de se desgastarem por um ideal. Ousadia de se aventurarem na vida apoiados na Graça e na Misericórdia de Deus!
E isto tocou-me.
E quando em 1999, ouvi deste Papa o desafio “Jovens, não tenhais medo de ser Santos!” senti um apelo profundo ao meu coração, um apelo à minha ousadia.
Desde então, ando à procura de saber o que é “ser Santo”. Como pode isso acontecer na vida banal e quotidiana? Como pode isso dar-se na vida atarefada de um trabalho? de uma casa? do cuidar dos filhos? Por entre panelas e roupas por lavar? Por entre actividades extra e trânsito?
E nos últimos 20 anos, João Paulo II, acompanhou-me, de conversão em conversão, sempre desafiando a minha jornada com os seus pensamentos e escritos.
Quando em 2013, tropecei nas suas catequeses sobre o Amor Humano, ouvi-o gritar: “Mulher, não tenhais medo de ser Santa!”
Nessa hora, falava ele ao mais profundo do meu coração, e ao conduzir-me a esse lugar em mim, colocava-me diante de Cristo. E diante de Cristo, eu estava, finalmente, diante do Amor que cura, redime, salva e santifica.
Deus quis explicar alguma coisa ao mundo através de S. João Paulo II. Não tenho dúvidas que a obra por ele deixada é de suma importância para a Igreja e para o mundo, mesmo não crente. Através dos seus escritos, dos seus muitos escritos, cartas, encíclicas, exortações, poemas, peças de teatro, o nosso coração fica como que um pouco mais perto de Deus é um pouco mais perto do humano.
A mim ensinou-me como o homem e a mulher são criados no amor e para o amor. Criados para serem dom, dádiva, um para o outro e os dois para o mundo. Criados para serem sinal visível daquele Amor invisível que só Deus é. Sinal visível…e somos mesmo sinais de Deus neste mundo através dos nossos corpos, com gestos e sacrifícios concretos e quotidianos.
Por isso, sim:
Mulher, não tenhais medo de ser santa, no teu corpo, na tua vida!
Mãe, não tenhais medo de ser santa no cuidado dos filhos, da casa, mesmo por entre a azáfama!
Homem, não tenhais medo de ser santo! Não tenhais medo de ser santo no teu corpo, na tua vida!
Pai, não tenhais medo de ser santo, na entrega total pela tua família, esposa e filhos!
Será no dar-te que realizarás a vocação mais sublime a que fostes chamados: a ser sinal visível do Amor Total, Livre, Fiel e Fecundo que Deus é. E será aí, precisamente aí, dentro dos caminhos da existência quotidiana que encontrarás o Senhor!
No centenário do nascimento de S. João Paulo II, que celebramos neste dia 18 de Maio de 2020, rezo para que este santo continue a mostrar-nos que o caminho da santidade que conduz ao Céu é possível e acessível se for feito apoiado na Graça e Misericórdia de Deus. São João Paulo II, um Santo entre os Santos.
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023