Início de ano é tempo de pensarmos sobre nós e a nossa vida. É o tempo propício ao recolhimento, introspeção e reflexão íntima sobre nós, as nossas prioridades, os nossos sonhos e metas.
Para onde caminho? Tenho um rumo na minha vida ou vou ao sabor do vento? Será que tenho objetivos a alcançar ou deixo a vida seguir e faço o que me for apresentado, como bom para mim?
Um ponto interessante a pensar é como lido com o tempo? Como gerencio o meu tempo? Que valor dou ao tempo?
Ouvimos muito a expressão “tempo é dinheiro”, será que é mesmo? É essa a minha visão? Esta visão materialista do tempo, da vida, é a que tenho como minha forma de ser e estar no mundo? Que lugar ocupa o dinheiro para mim?
O tempo é um bem precioso, pois sabemos que ele não volta. Até podemos querer muito viver algo, que já vivemos, e tentar fazer, exatamente, o mesmo, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas, mas não será nunca o mesmo, pois aquele momento passou e levou com ele toda a novidade do instante. Desta forma, como valorizo o meu tempo?
Viktor Frankl, psiquiatra e preconizador da Logoterapia, em determinada altura, falou sobre o dinheiro e disse o seguinte: “Devemos ter o necessário para não se preocupar com ele e não o demasiado para ocupar-se dele … é dito que tempo é dinheiro. Para mim, o tempo significa muito mais que dinheiro. Somente quando estou convencido que uma conferência realmente tem sentido, estou disposto a dá-la, mesmo sem receber honorários.”
Podemos refletir sobre estas palavras e depreender que o dinheiro não nos deve ocupar a mente e o nosso tempo. Portanto, não devemos viver para comer, trabalhar e ganhar dinheiro, mas, antes, comemos para viver, trabalhamos para ter sentido na vida e ganhamos dinheiro o suficiente para vivermos bem e tranquilos. Não podemos deixar-nos ser escravos do dinheiro e viver preocupados com o que temos, o que não temos e o que gostaríamos de ter, pois perdemos o nosso precioso tempo e quando damos conta não vivemos, não soubemos aproveitar o nosso tempo e desfrutar a vida.
Quando dou valor ao tempo e um sentido muito maior do que dinheiro, eu gozo de cada momento, não pelo que vou receber, mas pela experiência que dali retiro.
Por isso é que o nosso trabalho precisa ser vivido com sentido, isto é, eu trabalho porque gosto do que faço, atribuo-lhe um sentido e isso realiza-me. Desta forma, eu não trabalho para ganhar dinheiro no final do mês, mas porque desfruto de cada momento que tenho durante o mês de trabalho. Na verdade, o meu salário é o que vivo diariamente, é o sorriso que deixo nas pessoas, quando as atendo bem, com educação; a resolução de um problema técnico que faço; a limpeza que executo com esmero; o suporte que dou aos necessitados com quem trabalho; o cuidado que tenho para com as pessoas que me rodeiam; entre tantas outras atividades que faço e que são o meu trabalho diário.
Da mesma forma, eu estou com alguém não pelo benefício que essa pessoa me dá, mas porque desfruto da sua presença.
Boas reflexões, neste início de ano.
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