Os traumas na infância são marcas profundas que nos acompanham, mesmo quando pensamos que a situação em causa está resolvida, ou não teve tanta importância assim. Na semana passada, aprofundamos a importância das vivências na infância e as repercussões que têm na vida do adulto.
Hoje, vamos ver alguns traumas de infância mais comuns:
Cirurgia ou doença grave: a criança vivencia alguma situação de abandono, dor, solidão, estando sozinha num hospital.
Acidentes: algum acidente de viação, uma queda forte, algum desporto que correu mal, uma queimadura ou algum outro acidente grave, onde a criança se sentiu ameaçada, em perigo, de alguma forma, sentiu que a sua segurança estava em perigo.
Intimidação constante e intensa: a criança é intimidade por uma ou mais pessoas durante um período de tempo. Pode ser algum colega da escola, vizinho que ele tenha de ficar ou mesmos algum adulto, com atitude inapropriada (ex. sempre que o vê diz que está gordo).
Separação dos entes queridos: uma criança pode sofrer uma separação curta, devido a internamento da própria ou dos seus pais, ficando ao encargo de avós, tios, ou pode sofrer uma separação mais longa, devido a serviço militar, um divórcio litigioso, uma pena de prisão ou mesmo uma retirada do seu meio familiar, devido a maus-tratos ou negligência.
Desastres naturais: pode sofrer um grande susto com um terramoto, incêndio, inundações, etc.
Abuso psicológico: a criança pode sofrer ações propositadas, onde alguém lhe inflige medo ou prejudica a sua dignidade e integridade psicológica. Por exemplo, ameaças de abandono, de maltrato, a ela ou a pessoas importantes para ela, desprezar a criança, repreendê-la fortemente, provocando terror na criança. Pode, ainda, passar por isolar a criança, trancá-la num espaço (um armário), ou limitar os seus movimentos (amarrar a algo), pode sofrer humilhações físicas (ex. ficar nua perante outros) ou instigar a criança a provocar dor a si mesma.
Abuso físico: uma criança pode sofrer agressões físicas, que levem a ferimentos ou risco de lesões, como bater ou tratar de forma bruta e violenta, que a coloca em perigo de ferimentos ou lesões. A criança acaba por sofrer lesões, queimaduras, arranhões, ossos partidos, lacerações e pode levar à perda de consciência.
Abuso sexual: quando a criança é ameaçada, obrigada, forçada a realizar atos sexuais com um adulto ou outra pessoa mais velha, com poder e autoridade sobre ela. O objetivo é o prazer sexual do abusador ou lucro financeiro do mesmo. Como pode ocorrer com pessoas da sua confiança (pais, irmãos, tios…) a criança pode, também, viver o trauma da traição, visto que a criança perde a confiança nas pessoas que a deveriam proteger. Este abuso, pode, da mesma forma, ocorrer entre crianças, colegas, visto que pode incluir telefonemas obscenos, troca de mensagens, fotos, desenhos, exposição a pornografia, ser forçado a tirar fotos nus, prostituição, violação.
Negligência: quando as pessoas que deviam cuidar da criança a deixam ao abandono, ao cuidado de si mesma, por longos períodos, ou não fornecem os cuidados necessários de alimentação, roupa e abrigo, podem ainda, não proporcionar os cuidados médicos necessários.
Perda/abandono: a criança perde um ou ambos os pais biológicos devido a um divórcio, acidente, morte, abandono.
Isolamento dentro da família: uma família que não cuida dos seus elementos, a criança não é amada, valorizada, nem vista como importante ou especial.
Violência doméstica: quando uma pessoa tem um comportamento abusivo, violento com o objetivo de ganhar poder, controlar o outro ou, simplesmente, descarregar a raiva. Este comportamento pode incluir ameaças físicas, sexuais, emocionais, económicas e/ou comportamentos que assustam, intimidam, aterrorizam, manipulam, humilham, culpam ou ferem alguém.
Violência comunitária: momentos onde a criança viu, ouviu ou experienciou assaltos, agressões à sua família ou a vizinhos, ameaças à comunidade, incêndios provocados para terminar com aquela terra, insultos e ameaças à sua família, raça, cultura, crença.
Abuso de substâncias: alguém próximo que abusa do álcool, drogas ou medicamentos.
Doença mental: alguém próximo deprimido (se for o pai ou mãe, pior), ou outra doença mental que desestruture a criança, as suas rotinas, retire a sensação de segurança, ou alguma tentativa de suicídio.
Terrorismo: experimentou ou ouviu falar de terrorismo perto de si, sobretudo se existem crianças feridas ou mortas.
Criança refugiada: quando uma criança é arrancada da sua casa, muitas vezes depois de sofrer violência ou medo intenso.
Estes tipos de traumas tentam dar uma ideia do que se pode sofrer na infância que marca a criança, de forma muito violenta. Percebemos que estas marcas podem ser mais ou menos intensas e deixar ou não danos físicos e visíveis na criança.
Mesmo quando não existem danos observáveis, as consequências psicológicas e emocionais são muitas e muito graves.
- Primeiro dia do funeral marcado pela trasladação do corpo de Bento XVI para a Basílica de S. Pedro - 3 de Janeiro, 2023
- Legado teológico de Bento XVI está a ser traduzido para português - 3 de Janeiro, 2023
- Canonista explica protocolo do funeral de Bento XVI - 2 de Janeiro, 2023