A fase adulta exige independência e maturidade
O processo de desenvolvimento humano se dá desde a dependência absoluta, passando pela dependência relativa até a independência. Até os sete anos de idade, observa-se a manifestação de dependência absoluta, fase em que os pais são os principais elementos de suporte da criança. Depois, com a entrada no processo de alfabetização, inicia-se a dependência relativa, na qual já conseguem ter estrutura para agir em muitas situações por si mesmas e, ao mesmo tempo, ainda são dependentes, porque só na vida adulta a independência surge totalmente.
A busca pela independência é algo que o ser humano jamais vai conseguir atingir totalmente. À medida que ele cresce, estabelece-se a construção de sua maturidade pelo processo de socialização. Podemos identificar a maturidade de uma pessoa pela capacidade de estabelecer vínculos e de se relacionar com diferentes pessoas em seu ambiente.
Socialização
Vejam como se tornam um estorvo, em um ambiente de trabalho, pessoas que não conseguem participar das atividades em equipe, que se fecham em seu mundo pessoal. Ao mesmo tempo em que essas pessoas imaginam que possuem independência, estão totalmente apegadas ao seu próprio mundo, revelando-se a dependência absoluta.
A maturidade tem como principal elemento a capacidade de socialização. É por isso que, nas avaliações escolares, se a criança tem bom desempenho na área de socialização, é sinal de que está caminhando de forma madura dentro de sua faixa etária.
O processo maturacional
Maturação emocional está diretamente relacionada com provisão do ambiente. Quanto mais ambiência protecional e afeto uma criança recebe, tanto mais chance de obter sua maturidade ela terá. Os pais não fazem uma criança. Ela já está feita. Eles apenas emprestam as sementes e proporcionam o encontro do espermatozóide com e óvulo, tendo na mão o útero como cama acolhedora dessa união.
Aos caracteres genéticos da criança os pais pouco poderão fazer, como tamanho, olhos, cabelo e tendências fisiológicas. Como um artista pode modelar um pote de barro ou conduzir a tinta sobre a tela, os genitores não podem interferir na estrutura física do filho, que eles não fizeram, apenas conceberam. Porém, os pais podem proporcionar o maior legado na vida de uma pessoa: a maturidade. Nesse campo, a arte está nas mãos dos pais. Para isso, damos o nome de “provisão”, que Winnicott chama de “processo de maturação” (1963). A maturação completa só poderá ser vislumbrada na vida adulta, após os 22 anos.
A vida adulta
Por isso, na vida adulta dos seus filhos, muitos pais caem em angústias, pois a maturidade tão desejada pode não acontecer e surgem as dúvidas sobre onde erraram, e com elas vêm as culpas. Mas se os pais entenderem que não fazem os filhos, mas que apenas lhes emprestam sementes; que não possuem poder para formatar a beleza deles, mas possuem mãos para estruturar processos de vínculos afetivos, saberão lidar com situações de frustração quando esses filhos, na vida adulta, não atingirem a maturidade tão esperada. Principalmente se os genitores souberem que o ambiente é a somatória das quatro mãos de um porto seguro, que são eles próprios [pais] e ao mesmo tempo a comunidade que os cercam.
A melhor forma de criar ambiente para o processo maturacional de uma criança é não esperar nada dela nem fazer planos para ela, principalmente porque o futuro a ela pertence, dependendo das escolhas que fizer no futuro.
De modo que a maturidade é a capacidade de lidar com os limites e desejos impostos pelo cotidiano. As chaves de uma pessoa lidar com esses limites está diretamente ligada à capacidade que adquiriu de estabelecer vínculos afetivos e, consequentemente, parcerias.
Equipe de colunistas do formação
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