Pandemia, Covid-19, coronavírus, estado de emergência, infeção, cuidados intensivos, ventiladores, lavar as mãos, máscaras, quarentena, isolamento social… Atualmente, estas são as palavras mais ouvidas, lidas e vividas.
Esta pandemia invadiu as nossas vidas, não pediu licença para entrar e modificou, totalmente, o nosso quotidiano.
De um momento para o outro, deixamos de trabalhar (ou alteramos a forma de o fazer), estamos interditos dos contactos sociais (já não vamos visitar os nossos pais, irmãos, amigos, tios, sobrinhos, netos), só estamos autorizados a sair de casa para adquirir bens essenciais e ir ao médico, está-nos vedado o acesso às nossas tradições culturais e religiosas, enfim, a vida como a conhecíamos modificou-se.
Entretanto, se exteriormente podemos ver grandes alterações na nossa vivência diária, elas aconteceram (e estão, acontecer), interiormente, também. Isto é, o que antes era dado como certo, o nosso direito, neste momento já não é. Estamos privados do nosso querer, da nossa vontade e os dias tornam-se muito compridos e já não sabemos o que fazer para preencher o dia. Logo, todos temos feito um movimento de introspeção, interiorização, que é inevitável. Atualmente, temos o que sempre reclamamos, TEMPO, e parece que agora não sabemos o que fazer com ele. Portanto, sobra-nos tempo para pensar. O que antes não era valorizado está a ser, pelo menos, pensado neste momento: a nossa existência, o sentido da nossa vida.
Não posso deixar de comparar este momento de pandemia ao tempo que acabamos de viver, a quaresma: a espera da Ressurreição; também nós esperamos pelo fim desta pandemia e viver essa “nova” vida que ainda não sabemos muito bem como será. Deus utiliza-se de tudo para nos levar até Ele. Não, Ele não nos enviou esta pandemia, mas ajuda-nos a tirar algo de bom dela, aproveita-a para revermos a nossa vida, os nossos ideais, questionarmos a nossa essência, o sentido da nossa vida, a razão da nossa existência e, desta forma, pensarmos e ponderarmos as nossas ações, o caminho que traçamos para nós, questionarmos as nossas metas, o que nos move?
Muitas têm sido as pessoas que ouço, leio e que partilham estas suas questões e estas mudanças de pensamento, que no fim, se refletem em mudanças de vida.
Parece que a natureza está a mudar, as notícias dão conta da purificação do ar, das águas, animais vistos onde há muito não se viam, parece que a Terra está a mudar, a natureza a reagir. Afinal, como já li por aí, “nós é que somos o vírus”, parece que o ser humano é que tem colhido da natureza o que tem plantado.
Neste sentido, o que vou fazer quando tudo isto passar? O que vou mudar? Acredito que não seremos os mesmos, não viveremos da mesma forma, vamos ter uma visão diferente do mundo, das pessoas, da nossa ação, vamos valorizar muito mais as pequenas coisas e aquelas que antes não dávamos grande valor, vamos focar-nos no essencial e deixar de gastar tempo com o que não interessa.
Vamos retirar algo de bom e que este confinamento físico, não seja limitador da nossa mente e do nosso espírito.
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