Entrámos no Advento, tempo de esperar a vinda do nosso Salvador. Em simultâneo, estamos na época do frio e chuva, que traz consigo a queda das folhas, o renovar das árvores, da terra. Nesta altura, de frio, sabe tão bem ficar em casa, sentados no sofá, pertinho da lareira, a olhar a chuva e ouvi-la cair! Que momento aconchegante e confortável que detém o poder de nos abstrair das dificuldades quotidianas, dos sofrimentos da vida e afasta-nos dos medos e ansiedades do futuro.
Tal como, as diferenças, nas estações do ano são importantes para o ciclo da terra (descansar, renascer, desenvolver, criar, dar frutos), da mesma forma, nós precisamos de acompanhar estes momentos e preparar a terra do nosso coração. Já tivemos o tempo do calor, da diversão ao ar livre, de espairecer, rir, brincar, ir à praia, agora vem a época de nos protegermos do frio, de nos agasalharmos mais, de nos “fecharmos” mais sobre nós.
O tempo da chuva vem regar o que estava seco nas terras, nos campos, nos pastos. Começam a despontar vegetais, frutas e flores nas terras, que necessitavam de água, mas, também, outras estão desnudadas, em repouso, a absorver a água da chuva e a limpar as suas impurezas, impregnar-se dessa água tão necessária às suas raízes. A chuva vem purificar as terras.
Do mesmo modo, e com a chegada do Advento, podemos perceber que é altura de nos purificarmos também. Assim como a natureza tem a época certa para cada ciclo de vida nova, também, nós, nos podemos juntar à natureza e ir aproveitando e aprendendo com ela.
Advento é tempo de esperar a vinda de Jesus, mas não uma espera inglória, vivida com desesperança ou desânimo, antes uma espera em Deus, com a confiança, a esperança de que Jesus virá, Jesus nascerá, e a Sua vinda trará a paz ao mundo, a alegria aos nossos corações, e toda esta esperança vai dilatar o nosso coração, que se tornará um lugar cheio de amor, perdão e Fé, para acolher Jesus em nós e transborda-Lo aos que nos rodeiam.
Entretanto, nesta época de chuva, e Advento, podemos aproveitá-la para nos deixarmos ser lavados pela água do Espírito Santo, sermos encharcados, para que, em nós, tudo seja limpo e purificado pelo Espírito de Deus. Assim como um balde com lixo, ao ser cheio de água até transbordar, vai fazer o lixo sair, deixemo-nos transbordar com o “regador” de Deus, e, dessa forma, eliminar todas as impurezas, pedaços do passado que estão colados em nós, como folhas velhas agarradas às árvores, lixo que está no nosso pensamento, como pequenos troncos de árvore secos, vermes entranhados no nosso coração a corroer os nossos sentimentos, como os bichos que corroem as árvores e os vegetais.
Vamos deixar que Deus nos regue para que, desta forma, tudo isso que está a mais caia por terra, que desponte em nós o que é bom, genuíno, a nossa essência, que se purifiquem os nossos pensamentos e sentimentos, restauram-se as nossas memórias através do perdão, do amor, com o intuito de nos tornarmos limpos, lavados e regados pelo nosso Pai Criador. Desta forma, estamos prontos para receber Jesus que vai nascer e, renovados, podemos combater, e vencer, novas batalhas!
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