Inspirado pelas palavras do nosso presidente da república, ao sair do encontro ecuménico comemorativo do 50.º aniversário do COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs e onde foi assinado um Pacto para a vivência ecológica nas Igrejas e consequente criação de Eco-Igrejas, amigas do ambiente e da ecologia integral, dou por mim a sonhar.
Não a sonhar de olhos abertos, como o Dom Quixote de la Mancha, de Cervantes, utópico ou ilusório, mas realista e construtor de futuro. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse «não haverá volta atrás», na questão da pandemia covid19.
Podemos sonhar, podemos ter projetos. Surge uma nesga de esperança e de arriscar novos sonhos. Foi o sonho, como capacidade intelectual que fez o mundo progredir e evoluir, como dizia António Gedeão, na Pedra Filosofal «sempre que um homem sonha o mundo pula e avança».
Os cristãos são o «Povo do Sonho», acreditam que a História quotidiana é a concretização do «sonho de Deus», para construir «novos céus e nova terra», como o autor do Apocalipse (Revelação em grego) no-lo descreve.
Na Bíblia, eterno manancial de inspiração, vemos várias pessoas que se deixam guiar pelo sonho, o meio pelo qual o Criador fala aos seus amigos.
Jacob (Israel) adormece e vê a Escada do Céu que nos leva até Deus, por onde os anjos (mensageiros) descem trazendo as forças do Altíssimo e por onde sobem, levando as orações e súplicas dos homens.
Vemos José do Egito, o intérprete de sonhos, que usa o seu talento para providencialmente salvar o seu povo de Israel e o Egito que o acolhe. Planeou o futuro (tempo de vacas magras) com os recursos e inteligência do presente (tempo de vacas gordas).
Temos Daniel, na Babilónia, terra da perdição e do exílio, que interpreta a vontade de Deus e faz o grande rei Ciro compreender que nada é coincidência, mas que tudo é providência divina. Deus vê mais além e provê aqueles que o escutam.
Neste ano dedicado a José, pai adotivo de Jesus, não podemos esquecer que também São José foi um homem dos sonhos. Foi através do sonho que Deus lhe revelou o seu plano de salvação. Com a capacidade de sonhar, José pode compreender os sinais dos tempos e fugir para o Egito, salvando a vida da sua família.
Mais recentemente, o grande santo e apóstolo dos jovens, São João Bosco, potenciou o sonho como forma de revelação e inspiração para a sua obra de salvação da juventude, criando um projeto educativo inovador, baseado no amor, na razão e na fé.
O Cardeal Tolentino de Mendonça, no pretérito 13 de maio, também retomou esta temática do sonho, apelando a que «não tenhamos medo de ter sonhos, e sonhos grandes (…) e em vez de ter medo tenham sonhos. Descubram que Deus é aliado dos vossos sonhos mais belos. Ousem sonhar um mundo melhor. Sintam que o futuro depende da qualidade e da consistência dos vossos sonhos».
Sim, nós queremos sonhar! Nós temos um sonho! Vamos espalhar as palavras sonhadoras, pois o amanhã será a safra, daquilo que semeamos hoje.
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