“Não digas a Deus que tens um grande problema; diz ao problema que tens um grande Deus”

Neste 18º Domingo do Tempo Comum o Senhor deseja que aprendamos a dividir o pouco que temos, a encarnar a compaixão com gestos práticos de amor e serviço.

Liturgia da Palavra

1ª Leitura | Isaías 55,1-3

Salmo 144(145) | Abris, Senhor, as vossas mãos e saciais a nossa fome.

2ª Leitura | São Paulo aos Romanos 8,35.37-39

Evangelho | São Mateus 14,13-21

O profeta Isaías fala a partir da situação do povo de Israel exilado na Babilónia, onde já se encontra há mais de 50 anos, depois da destruição de Jerusalém. Muitos israelitas desistiram de lutar e regressar à sua terra e acomodaram-se a viver desterrados. Isaías anima o seu povo a não desistir de confiar no Deus da aliança, que os fará regressar ao seu país e saciará a sua fome com saborosos manjares. Quem está do lado de Deus cultiva sempre uma esperança que o ajuda a vencer todas as dificuldades.

O desafio que nos faz São Paulo é próprio de quem tem uma confiança inabalável em Deus. Só Deus é omnipotente e não, de modo algum, as dificuldades que poderemos ter de enfrentar. São Paulo enumera sete que experimentou na sua vida: “a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada”. Cada um de nós poderá fazer a sua lista, incluindo a atual pandemia. Recordo uma afirmação, cheia de fé, que uma vez li: “Não digas a Deus que tens um grande problema; diz ao problema que tens um grande Deus”.

Deus é perito em compaixão, sabe sofrer com os que sofrem e procura dar-lhe o justo remédio: Jesus, “ao desembarcar, viu uma grande multidão e, cheio de compaixão, curou os seus doentes”. Os apóstolos, perante uma multidão esfomeada, em hora tardia, apresentaram a Jesus a solução de quem fecha os olhos para o problema: “Manda embora esta gente”. Mas Jesus Cristo chama-os à responsabilidade: “Não precisam de ir embora; dai-lhes vós de comer”. E a partir do pouco que havia, “cinco pães e dois peixes”, fez o milagre da multiplicação e a multidão ficou saciada.

Precisamos de imitar a desmedida compaixão do coração de Jesus. Compaixão que não é uma comoção vazia e sem consequências, mas encarna em gestos práticos de amor e serviço. Se ousarmos dividir o pouco que temos, Deus fará o resto, e não haverá fome de pão e de amor solidário.