“Pais, não irriteis vossos filhos, mas educai-os na disciplina e com a exortação de Deus” (Ef 6,4)
A palavra de Deus é luz e guia para os desafios da nossa vida, mas muitas vezes não conhecemos, nem procuramos. Nesta simples frase S. Paulo diz, praticamente, tudo o que se deve fazer na educação dos nossos filhos.
Interessante, o primeiro conselho que ele dá, e por onde começa: “Não irriteis vossos filhos”. Com estas poucas palavras já muito teríamos a dizer e debater. É normal que os pais nem se fixem nestas palavras ao ler, porque buscam fórmulas mágicas para educar os seus filhos e dizer-lhes para não irritarem os filhos é a última coisa que querem ouvir. “Quem me irrita são eles! Colocam-me os nervos em franja!”, “Não suporto mais, porque eles não me obedecem!”, “O meu filho não sabe comportar-se em público”, “A minha filha faz birras nas lojas, porque quer que eu compre tudo!”, entre muitas outras queixas usuais dos pais.
As crianças estão em processo de amadurecimento cognitivo, emocional, social, isto é, estão numa aprendizagem constante. Desta forma, temos de partir da primícia que as crianças não pensam da mesma forma lógica, rápida, eficiente que nós. Nós temos a visão do todo, quando chamamos uma criança para ir para a mesa comer, nós sabemos que a comida está na mesa, que queremos começar a comer juntos, conviver e arrumar a cozinha. A mente da criança só pensa em brincar, acabar o que está a fazer (terminar o puzzle, deitar as bonecas, acabar de ver os desenhos animados) e só depois ir comer. A lógica deles é diferente da nossa. Em vez de irritarmo-nos e gritar com eles, precisamos tentar compreender o que eles estão a pensar, ir perto deles, explicar que agora termina a brincadeira, mas depois vai continuar e conduzi-los para onde queremos. Se nos irritamos, eles também se irritam e é uma espiral.
Reparemos no que o apóstolo diz logo de seguida, “mas educai-os na disciplina”, isto é, sejam amorosos com os vossos filhos não os irritando, não os magoando, tentem compreendê-los, ouçam-nos com paciência, mas dêem-lhes disciplina! Portanto, precisamos usar a grande fórmula mágica do Amor puro e verdadeiro, que não fica parado nas incapacidades, nas dificuldades, ama simplesmente, mas com autoridade própria do ser pai ou mãe. Não podemos ficar no amor “meloso”, super protector, dócil ao extremo, que abafa as potencialidades das crianças e o seu crescimento saudável, desencadeando comportamentos irresponsáveis e sem noção da realidade. Eles necessitam de limites, de ouvir “Não!”, de ouvir “Pára!” e perceberem quem é que tem autoridade nessa relação. Esta disciplina faz com que eles se sintam, por mais incrível que pareça, seguros. Os filhos ao ouvirem “Não podes”, “Não vais!”, “Não mexas aí que te magoas”, vão sendo formados, orientados, mas sentindo-se amados e seguros, visto perceberem que os seus pais os estão a guiar, por mais que doa. É como se os pais estivessem a conduzir o “navio Família” e os filhos conseguem sentir que são os pais que têm o leme nas mãos e guiam por entre rochas, ondas, tempestades e eles lá dentro seguros. Por mais que gritem e digam que querem sair, ir lá para fora (sair dos limites impostos pelos pais), os pais, sabendo o que é bom para os seus filhos, vão guiando o navio com firmeza, mas amor.
Por fim o apóstolo diz “com a exortação a Deus”, isto é, ouvindo a voz do Pai, estando íntimos d’Ele e percebendo o caminho que Ele tem para a vossa família.
Os pais precisam ser íntimos de Deus, caminhar lado a lado com o nosso Criador, pois os nossos filhos não são nossos, são do Criador. Ele deu-nos o privilégio de os gerarmos e cuidarmos deles, mas precisamos de os guiar de volta ao Pai. É a grande responsabilidade de ser pai, mãe. Precisamos amar incondicionalmente os nossos filhos, guiá-los e conduzi-los para Deus.
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