Multiplicar a nossa capacidade de partilhar e de ser solidários

Estamos no 17º domingo do tempo comum! Vejamos o que a Liturgia da Palavra nos ensina neste 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos:

A leitura do livro dos Reis (Rs 4, 42-44) fala de uma situação de grande carestia. As terras do Médio Oriente, onde a chuva era escassa, conheciam ciclicamente tempos de fome. Aliás, a palavra “fome” aparece 134 vezes no Antigo Testamento.

Um agricultor pobre renuncia aos poucos pães que tinha para si, pondo-os ao dispor do profeta Eliseu. E a sua generosidade foi abençoada, podendo saciar a fome a cem pessoas, sobrando ainda pão. Não é verdade que quanto mais generosos somos, mais somos recompensados? Cristo recordou: “Dai e vos será dado”.

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No Evangelho de João (Jo 6, 1-15) encontramos a descrição do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Os milagres de Jesus acontecem como um serviço às pessoas necessitadas e não como exaltação do seu poder divino. Por isso, perante a iminência de o aclamarem como rei, “retirou-se novamente, sozinho, para o monte”.

Jesus, a partir do pouco que tinha um jovem: cinco pães e dois peixes, dá de comer a uma multidão de umas cinco mil pessoas. O milagre da multiplicação deu-se a partir de outro “milagre”: a generosa partilha de quem renunciou a ficar com os poucos pães e peixes só para si. Quantos problemas se resolveriam, de fome e de outras carências fundamentais, se houvesse mais generosidade e partilha? Jesus está na nossa vida para fazer o milagre de abrirmos o coração às necessidades do nosso próximo, para multiplicar a nossa capacidade de partilhar e de ser solidários.

São Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso (Ef 4, 1-6), recorda o que nos une a todos como cristãos: “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e pai de todos, atua em todos e em todos se encontra”. Como é importante sublinhar o que nos une! Por vezes, ficamos apenas a notar o que separa um bispo de um padre, ou uma religiosa de um leigo. Não há cristãos de primeira, segunda ou terceira categoria. Todos somos estruturalmente iguais, com a mesma dignidade, apenas com missões diferentes na Igreja.

O Papa Francisco anunciou, a 31 de janeiro de presente ano, a instituição do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, tendo afirmado: “O Espírito Santo ainda hoje suscita pensamentos e palavras de sabedoria  nos idosos: a sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raízes dos povos. Eles recordam-nos que a velhice é um dom e que os avós são a ligação entre as gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé. Os avós são muitas vezes esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de preservar as raízes e de as transmitir. Por esta razão, decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que terá lugar na Igreja inteira todos os anos no quarto domingo de julho, na proximidade da festa dos Santos Joaquim e Ana, os “avós” de Jesus. É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque – como diz o profeta Joel – os avós diante dos netos sonharão, terão grandes desejos, e os jovens, haurindo força dos avós, seguirão em frente, profetizarão”.