A Misericórdia alcançou-nos, visitou-nos o Senhor, que não quis só caminhar connosco, mas também desejou assumir a nossa carne e toda a nossa humanidade limitada, rejeitando apenas o pecado e assumindo até às entranhas o pecador.
Este inclinar-se de Deus já me parecia mais que suficiente para uma vez mais revelar o Seu amor imensurável por nós, entretanto Deus não se deixa vencer em generosidade, porque é eterna a Sua misericórdia (Sl. 117/118). Deus, superando sempre todo o nosso entendimento humano, e tudo o que somos capazes de supor, assume a nossa vida, assume escandalosamente a nossa morte, e enxerta-nos na Sua Vida, eleva-nos à filiação divina pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
É ou não é escandaloso este amor?
É sem dúvida uma prova definitiva e inigualável, é inquestionavelmente o maior ato de amor que se possa um dia realizar, sendo Ele de condição divina e nós pecadores.
Celebrar a Páscoa é celebrar este mistério insondável, que vai além das nossas capacidades de compreensão, mas do qual somos o alvo e ao qual estamos intrinsecamente ligados. Celebrar a Ressurreição de Jesus no domingo de Páscoa é celebrar a nossa passagem de morte para vida, é celebrar o mais eloquente ato de amor que um dia a humanidade poderá ver e participar, é celebrar a plenitude da Revelação, e a definitiva aliança que nada mais nos poderá tirar, a não ser a nossa livre vontade.
Neste tempo em que tantos perderam a vida e outros livremente escolhem a morte como estilo de vida, o meu desejo é que você e toda a sua casa escolham a vida nova em Cristo, escolham livremente o amor do Ressuscitado, elo indestrutível com a Casa do Pai.
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