“Hossana, Hossana,
Rainha de Portugal
Hossana, Hossana,
Virgem Maria.”
Canta o povo no Santuário de Fátima e em qualquer lugarejo mais recôndito de Portugal onde se venera a Rainha do Céu e da Terra: Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe.
“Um dia à Terra desceste
em plena Cova da Iria”
Mal a senhora Iria pensava vir a fazer parte de um cântico dedicado a Nossa Senhora e conhecido pelo mundo fora, ainda que muitas pessoas desconheçam que a Cova era um terreno de cultivo que pertencia à senhora Iria, mas já muito antes tinha sido aclamada como Rainha de Portugal.
Desde os primórdios da nacionalidade, os reis e o povo de Portugal manifestaram o seu amor e filiação a Nossa Senhora. Celebrar esta data é lembrar a nossa identidade como povo e como nação.
Desde 1580 até 1640, Portugal esteve sob o domínio do governo castelhano. Em 1 de dezembro de 1640, um grupo de nobres portugueses, os conspiradores, restaura a Independência do país. Aclamado Dom João IV como rei de Portugal, logo no dia 8 de dezembro, data que o povo já vivia com algum fervor, o frade João de S. Bernardino termina o seu sermão com uma promessa “Seja assi, Senhora, seja assi; e eu vos prometo, em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante um tropheo a Vossa Immaculada Conceição, que vencendo os seculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal”.
Em 25 de março de 1646, o rei Dom João IV, agradecido pela independência, organiza uma cerimónia solene em honra e agradecimento a Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa. O rei coloca a coroa real aos pés de Nossa Senhora, proclamando-a Rainha de Portugal, a nossa Padroeira. Depois dessa data, mais nenhum rei/rainha usou a coroa na cabeça.
Por uma especial concessão da Santa Sé a Portugal, quando a festa da Imaculada Conceição recai num domingo, a liturgia sobrepõe-se à do domingo do Advento (a Primeira Leitura e o Evangelho serão os próprios da solenidade da Imaculada, a Segunda Leitura será a que corresponde ao Domingo do Advento).
O dogma da Imaculada Conceição (isenta de pecado desde a sua conceição, a cheia de graça) é reconhecido pela Santa Sé em 1854, alguns séculos depois do povo português, desde as pessoas mais simples até aos reis, passando pela universidade, terem assumido essa verdade, desde os tempo da Restauração.
As datas de 1 e de 8 de dezembro estão interligadas entre si: um povo levanta-se contra o regime opressor que lhe tirara a sua independência, mas ao mesmo tempo, reconhece, de joelhos, que sem a intervenção da Mãe do Céu tudo seria bem mais difícil. É o povo, representado pelo seu rei, que aclama Nossa Senhora da Conceição como sua padroeira, sua rainha. Presta-lhe homenagem e vassalagem. Reconhece a proteção da Mãe e a responsabilidade de ser o povo escolhido para povo do Senhor:
“Salve, nobre Padroeira
Do teu povo protegido
Entre todos o escolhido
Para o povo do Senhor”
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