Esta série original da Netflix, adaptação do livro homónimo de Walter Tevis, gira toda à volta de Elisabeth Harmon e do jogo de xadrez, mas a sua verdadeira qualidade está em fazer olhar-nos com grande intensidade para o “jogo da vida”. Aqui fica a sugestão de uma minissérie para saboreares nestes dias…
Elisabeth Harmon é órfã. Depois de sobreviver a um acidente de automóvel onde vê morrer a sua mãe, é acolhida num orfanato. A sua inteligência, fora do comum, não demora a sobressair. Com facilidade, acaba os trabalhos na aula antes de todas as suas colegas e repetidamente, por ordem da professora, vai limpar os apagadores à cave. É naquela cave que encontra Mr. Shaibel, o guarda noturno da casa, que lhe ensina a jogar xadrez.
Nem Elisabeth, nem o próprio Mr. Shaibel, poderiam imaginar que aqueles encontros mudariam a sua vida para sempre. Demonstrando uma aptidão natural e uma fixação por este jogo, Elisabeth, mais conhecida por Beth ou Harmon, não tem dificuldade em destacar-se, desde cedo, no mundo do xadrez.
Toda a série, construída em sete episódios, gira ao redor da sua ascensão como jogadora de xadrez. Uma ascensão acompanhada de perto pelo seu mundo interior de dúvidas, medos, instabilidade emocional e momentos de solidão. Perturbada pela memória da mãe que morreu e de um pai que nunca a aceitou, torna-se uma pessoa fria, calculista, incapaz de se apaixonar e de criar relações profundas com alguém. No meio de todos estes problemas, facilmente se torna dependente de substâncias nocivas: começa por se viciar em compridos no orfanato, que a ajudavam a manter-se acordada e a reviver os jogos de xadrez na sua cabeça, e, mais tarde, começam os problemas com o álcool e drogas.
Beth chega assim àquele que parece um ponto sem retorno. Percebe que construiu toda uma vida à volta do sucesso que o xadrez lhe dava, esquecendo aquilo que é mais importante: a relação com os outros.
É no momento em que se sente abandonada por todos, e entregue totalmente ao vício do álcool, que um encontro inesperado fá-la regressar ao passado. Um regresso que lhe permite confrontar a perda da sua mãe e descobrir o carinho de tanta gente que se tinha cruzado no seu caminho.
Esta é uma série de um prodígio do xadrez que, no fundo, nos diz que não basta o talento nem o esforço, o dinheiro ou o sucesso para sermos felizes. Esta é uma série de um prodígio de xadrez que, no fundo, nos fala da importância da família e dos laços que se criam nos primeiros anos de vida. Esta é uma série de um prodígio de xadrez que, no fundo, nos fala sobre a importância que algumas pessoas, de forma totalmente inesperada, podem ter na nossa vida. Esta é uma série de um prodígio de xadrez que, no fundo, nos diz que para sermos felizes precisamos de começar por sentir-nos amados, daquela forma que Deus nos ama, totalmente e gratuitamente.
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