As aulas acabaram! Notícia que anuncia um feliz e merecido descanso para alguns, e o início de uma época de estudo mais intenso para outros. Isto porque o fim das aulas, para os alunos dos últimos anos de Secundário, anuncia o início da época de exames nacionais. A estes juntam-se muitos estudantes universitários que, depois de meses a ter as aulas on-line, voltam a reencontrar o seu espaço universitário, para serem postos à prova.
Falar em exames é, normalmente, sinónimo de stress, ansiedade, nervosismo… Todos nos lembramos do peso de ter que provar, no espaço de algumas horas, tudo o que fomos aprendendo ao longo de anos. É uma tarefa difícil, mas que se pode tornar mais confortável, quando estamos conscientes do trabalho que fomos fazendo, e dos conhecimentos que fomos adquirindo.
Ao pensar nestes jovens que estão a ser submetidos “à prova”, lembrava-me da “prova” que teremos ao chegar ao fim da vida. A semana passada, discutia, com um casal de amigos, sobre algumas questões relacionadas com a vida eterna, o céu e o inferno. E fiquei a pensar como seria definido este estado de eternidade em que ficaremos após esta vida…. Pensava: e se alguém que foi honesto toda a sua vida e comete uma terrível falta mesmo antes de morrer, ou se alguém que foi desonesto toda a sua vida, se arrepende antes da sua morte? Como serão estas pessoas “julgadas” perante Deus? E como responderemos nós a este “exame” final? O que terá mais peso no nosso coração, na hora em que tudo parece acabar?
Pois, a resposta a todas estas dúvidas parece ser mais que óbvia, mas ainda assim, às vezes, difícil de recordar. Basta recordar o que Jesus e os santos nunca deixaram de afirmar, para perceber que aquilo que poderá definir a nossa “nota final” neste “exame” da vida, é apenas um critério: o amor. S. João da Cruz diz-nos claramente que “No entardecer da vida seremos examinados pelo amor”. É este o único critério de avaliação da nossa vida perante Deus e a eternidade. Por isso, ainda que tenhamos cometido um erro enorme na nossa vida, se amámos o suficiente, poderemos passar este “exame” com distinção. Ainda que tenhamos sido desonestos todo o tempo, mas tenhamos descoberto o valor do amor e do arrependimento, mesmo na hora da morte, poderemos passar este “exame” com distinção.
Dizia Sto. Agostinho: “Ama e faz o que quiseres”. Esta não é uma frase que nos deve relaxar e fazer pensar que, se é assim, então tudo está garantido. Ter consciência que o amor é a única coisa pela qual seremos julgados, deve pôr-nos ainda mais com esta “saudável ansiedade” de quem acha que ainda não amou o suficiente, que ainda não deu o que pode pelos outros, que ainda não entregou a sua vida totalmente.
Em época de exames, lembremo-nos que todo o nosso esforço, estudo e dedicação, podem ser aquilo que marca a diferença no nosso resultado final, tanto das nossas notas, como do nosso estilo de vida. Contudo, o verdadeiro e mais importante exame, aquele que nos pode conduzir ao encontro eterno com Deus, terá em conta apenas a resposta a esta pergunta: Amaste?
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