Felicidade: o equilíbrio entre o sentido da vida, do trabalho, do amor e da cultura

Nos artigos anteriores refletimos sobre a importância de construir um projeto de vida e o que necessitamos para tal, com o intuito de alcançar a felicidade.

Hoje proponho uma reflexão sobre alguns pontos essenciais ligados ao conceito de felicidade: sentido da vida; sentido do trabalho; amor; cultura.

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Estes pontos são essenciais para esta reflexão, pois como vimos no artigo anterior, a felicidade não é algo distante que eu almejo alcançar, mas o aqui e agora do momento presente, onde dou passos e me esforço por ser quem quero ser e alcançar o que sonho.

O sentido da vida é o que todos nós procuramos, ou deveríamos procurar, é o que nos faz acordar todos os dias e gritar “Boa! Mais um dia! Vamos lá!” Só quem tem um sentido, tem garra para caminhar, pois já como dizia Viktor Frankl “Quem tem um porquê suporta qualquer como”, esta frase reflete isso mesmo, se eu sei porque vivo, quem sou eu e para onde vou, então não importa a forma como vivo, as circunstâncias por onde passo, pois elas formam-me e dão sentido ao meu fim, bem na verdade, elas já são o fim em si mesmo, muitas vezes. Por isso a felicidade não se alcança, vive-se.

Para alcançar o sentido da vida (já escrevi vários artigos sobre este tema que pode pesquisar) é necessário fazer um trabalho de autoconhecimento, visto que só quem se conhece tem o domínio de si e das suas paixões, logo pode ir mais longe no caminho da felicidade. Claro, que só me conheço olhando quem me conhece por inteiro, como dizia Santa Teresinha “Olha quem te olha”. É na busca da minha espiritualidade e do aprofundamento da minha intimidade com Deus, que me vou conhecendo, pois é Ele quem revela quem eu sou. Conhecendo-me e tendo domínio de mim mesmo, eu posso projetar-me no futuro e esta tensão entre o que sou e o que desejaria ser é o que torna tudo mais belo e pleno de sentido.

Quanto ao trabalho, este faz parte da nossa vida e, como tal, tem um peso muito grande na forma como vivo e como me sinto realizado. O homem atualmente vive muito mais voltado para o trabalho do que para si mesmo, ou para a sua família e neste ponto é necessário um equilíbrio. Também por passarmos a nossa vida a trabalhar é imperioso que seja algo com o qual eu me identifique e tenha gosto em realizar. O trabalho precisa ser encarado como quase uma “extensão de mim” no sentido em que tem haver comigo, com os meus princípios, ideais, gostos para que não o sinta como peso. Preciso amar o que faço, logo deixa de ser um peso e passa a ser um prazer.

Entretanto, o homem nasceu para amar, é o grito da sua alma, ninguém vive sem amor e sem amar, esta é a inclinação de cada um. Deus é amor e nós somos frutos desse grande amor, logo somos feitos de amor, e movemo-nos com esse combustível. Amar e ser amado é o grande sentido da nossa vida e o que nos dá maior gozo. Portanto, encontrar alguém para amar faz parte da nossa essência e esse alguém pode mesmo ser o próprio Deus (no caso dos celibatários).

No que toca à cultura é necessário termos valores humanos e espirituais que nos regem e princípios orientadores. Por um lado, o humanismo que nos forma na educação dos nossos instintos e paixões e, na distinção entre o bem e o mal, portanto uma pessoa mais instruída para ser livre. E os princípios orientadores que passam pelo legado da sabedoria clássica do pensamento cristão e das tradições. Estas bases estruturam a sociedade (no coletivo), organizam a pessoa (o indivíduo) e trazem o equilíbrio necessário para a vivência da solidariedade, do bem comum, do sentido do sofrimento, do mistério da transcendência, do espírito de missão e convivência em comunidade.

Estes pontos bem vividos levam-nos a viver a felicidade no aqui e agora, pois esta mais não é do que a satisfação comigo mesmo, com as minhas decisões e com a minha vida.