Cada momento da nossa vida teve uma marca e está selado com uma emoção. Sobretudo, nos primeiros anos de vida, onde as memórias são inexistentes ou muito fracas, elas existem em forma de emoção. Essas emoções que vivemos foram moldando a nossa personalidade, expetativas, em relação a nós, e aos outros e as nossas reações às situações. Como é importante aceitar o que sentimos, o que vivemos e saber reconhecer no corpo essa emoção.
A gestão das emoções é uma competência importante para o bem-estar da pessoa e para a organização do seu comportamento. Quando conseguimos gerir uma emoção, a sua intensidade final não desorganiza o comportamento, nem desestrutura a personalidade, e desta forma, a pessoa tem mais possibilidade de ter sucesso e ser feliz, pois vive menos no impulso. Desta forma, uma criança que se sente amada pelos seus pais, vive num clima caloroso e acolhedor, mais facilmente irá aceitar as regras impostas, pois compreende que eles agem por amor e preocupação.
Segundo Damásio (1), as emoções são “ações ou movimentos, muitos deles públicos, visíveis para os outros na medida em que ocorrem na face, na voz, em comportamentos específicos”. Com este fundamento neurobiológico, uma emoção é ativada como “reação automática a um estímulo emocionalmente competente, caracterizando-se por um conjunto de reações químicas e neuronais específicas”.
Há emoções primárias que são iguais em todas as pessoas como a alegria, tristeza, cólera, desgosto, a surpresa e o medo, caracterizadas por uma programação inata, e emoções sociais, mais complexas, como a simpatia, o embaraço, a vergonha, a culpa, o orgulho, a inveja, a gratidão, a admiração e o desprezo.
Segundo Darwin há emoções que são universais e não dependem de processos de aprendizagem, elas nascem connosco, no entanto foram verificadas diferenças ao nível das regras que controlam a expressão das emoções. Essas emoções inatas nós conseguimos perceber num recém-nascido, pois há determinadas expressões e reações que já nascem com ele, como o sorriso, o susto (o bebé abre bem os seus braços para se amparar, arregala os olhos e abre a boca num susto), a dor gera choro ou grito, entre muitas outras reações.
Com o desenvolvimento da criança, ela vai aprender a reagir perante as situações e, portanto, já são emoções sociais, pois é no contexto, cultura, aprendizagem que se vão desenvolver.
Podemos compreender que as emoções fazem parte de nós, nascem connosco, portanto elas têm uma função, servem para alguma coisa e não é só para nos atrapalhar.
As emoções geram um conjunto de alterações, que afetam o nosso cérebro e o nosso corpo. Desta forma, é necessário sabermos viver com elas, isto é, é fundamental conhecermos esta nossa vida interior, é como uma linguagem que precisamos conhecer, identificar, dominar e gerir a resposta.
Quanto mais eu trilho o caminho do autoconhecimento, mais eu me sinto confiante na identificação das minhas emoções, logo consigo lidar melhor com elas e, portanto, elas não me dominam, mas eu tenho controlo sobre elas.
Este mundo interior pode parecer extremamente confuso, desordeiro e como se não tivesse um capitão a gerir o barco, umas vezes ele vai para a esquerda, outras anda à deriva, outras tenta superar uma tempestade, entre tantas situações que nos acontecem exteriormente e que se refletem no nosso mundo interno. Mas é possível sim ter domínio das nossas emoções e vamos compreender isso nas próximas semanas. Fique atento ao próximo artigo.
(1) Damásio, A. (2003). Ao encontro de Espinosa: as emoções sociais e a neurologia do sentir. Publicações Europa-América.
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