O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que a legislação tem de progredir no apoio à “viabilidade familiar” e que a eutanásia é um sinal de fratura na sociedade.
“Estas questões fraturantes fraturam-nos antes de mais a nós próprios, porque nos descartam”, disse D. Manuel Clemente aos jornalistas à margem da do V Encontro de Jurisprudentes de Língua Portuguesa sobre a Família, que decorreu hoje, em Lisboa.
“Uma pessoa por circunstâncias da sua vida, de doença, depressão ou isolamento, não tem vontade de viver. Uma maneira de nos fraturarmos dessa pessoa é dizer: ‘se não queres viver, não vives’. Eu vejo essas situações como apelo a mais convivência, a mais presença, mais cuidados”, sublinhou o patriarca de Lisboa.
Para D. Manuel Clemente, o debate em curso sobre a eutanásia e as situações que o otivam devem levar a um compromisso maior “mais uns com os outros no sentido da vida e não no sentido da desistência dela”.
Após ter apresentado na Faculdade de Direito os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que decorreram no Vaticano nos meses de outubro de 2014 e de 2015, o cardeal-patriarca de Lisboa sustentou que o Estado, “tem de progredir no apoio concreto à viabilidade familiar”
“Se entendemos – e não é preciso ser cristão para o entender – que a base da sociabilidade, a escola onde aprendemos a viver uns com os outros e para os outros é por excelência a família e a casa de cada um, então é bom que o Estado, como primeiro órgão do bem comum, favoreça a estabilidade e a viabilidade dos núcleos familiares”, declarou.
Para D. Manuel Clemente, a “estabilidade e viabilidade dos núcleos familiares”, está relacionado com “a habitação, o trabalho e todos os recursos que são necessários que para que tal sociabilidade aconteça na família e a partir da família”.
O cardeal-patriarca de Lisboa recordou a necessidade de afirmar a noção de família em sintonia com a “tradição milenar da humanidade”: “Família é constituída por um homem e uma mulher e abre-se à geração de filhos. Outra coisa é outra coisa e deveria ter outro tipo de contemplação”.
“Numa sociedade em que há pessoas que não pensam assim e até há legislações que não contemplam esta tradição, da humanidade e do cristianismo, nós continuamos a dizer e a demonstrar a validade da proposta cristã e com simplicidade damos as razões da nossa esperança”, concluiu.
O Encontro de Jurisprudentes de Língua Portuguesa sobre a Família é organizado há cinco anos pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a Academia de Jurisprudentes de Língua Portuguesa, a CNAF – Confederação das Associações de Famílias, o Conselho Pontifício para a Família e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Fonte: Agência Ecclesia
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