Nas assembleias litúrgicas, bem como em muitas outras reuniões comunitárias, é habitual escutarmos a proclamação da Palavra de Deus, com o intuito de deixar que essa mesma Palavra ilumine o nosso caminho cristão, conforme a palavra do salmo que diz que as palavras do Senhor “iluminam os olhos” (Sl 19,9).
A Palavra de Deus é viva e, quando proclamada, gera no coração de quem escuta reações de adesão à mensagem de Deus que é veiculada pela mesma Palavra: no tempo de Esdras, o povo chora emocionado ao escutar as palavra da Lei do Senhor (cf. Ne 8,9); na sinagoga de Nazaré, os olhos de todos ficam fixos em Jesus (cf. Lc 4,20), percebendo que a profecia de Isaías ajuda a identificar em Jesus o Messias anunciado e esperado.
1ª Leitura: Livro de Neemias 8,2-4a.5-6.8-10 — “Liam o Livro da Lei e explicavam o seu sentido”
A proclamação da palavra de Deus, que Jesus faz na sinagoga de Nazaré, como se irá ouvir na leitura do Evangelho deste domingo, aparece já no Antigo Testamento, cinco séculos antes de Cristo, como se vê por esta leitura. Podemos observar o cuidado na proclamação, a atenção na assembleia e como já então o povo aclamava a palavra escutada, tal como a celebração litúrgica actual continua a prever. É com esta leitura e o salmo que se lhe segue que se inaugura a “mesa da palavra”, o ambão, no dia da Dedicação de uma nova igreja.
Salmo 18 (19) — As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida
2º Leitura: Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios 12, 12-30 — “Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um na sua parte”
Com esta comparação do corpo, São Paulo quer fazer-nos compreender que, na Igreja, há muitos campos de acção, diferentes uns dos outros, mas que isso não deve ser causa de divisão, mas, ao contrário, de unidade, porque todos esses serviços são fruto do mesmo e único Espírito.
Evangelho: São Lucas 1, 1-4; 4, 14-21 — “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura”
Esta leitura começa com a introdução em que o evangelista expõe o método que seguiu para se informar sobre o Evangelho que vai escrever, e faz a dedicatória do mesmo a um tal Teófilo, nome que significa “Amigo de Deus”. Depois, começa a sua narração, referindo o princípio do ministério público de Jesus. A cena passa-se na sinagoga de Nazaré, numa celebração de Sábado. É digno de nota este facto: Jesus inicia o seu ministério numa celebração, e nele Se apresenta como sendo Aquele a quem a leitura se refere. De facto, o Senhor é Aquele a quem toda a Sagrada Escritura se refere e Aquele que, em cada celebração litúrgica, é significado e tornado presente pela própria celebração.
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