Mateus, o rico cobrador de impostos, respondeu ao chamamento do Mestre com entusiasmo
O apóstolo e evangelista São Mateus teve dois nomes: Mateus e Levi. Mateus quer dizer “dom precoce” ou “conselheiro”; ou vem de magnus, “grande”, e Theos, “Deus”, como se dissesse “grande para Deus”. Diz a “Legenda Aurea” que “Ele foi um dom precoce por causa da sua rápida conversão, foi conselheiro por causa da sua salutar pregação, foi grande diante de Deus por causa da perfeição da sua vida, foi a mão de que Deus se serviu para escrever o Seu Evangelho”.
Levi quer dizer “retirado”. Ele foi retirado da sua banca de cobrador de impostos e colocado entre os apóstolos, acrescentado à comunidade dos evangelistas e incorporado ao catálogo dos mártires.
As lições de Mateus
Segundo uma tradição, Mateus pregava na Etiópia, numa cidade chamada Nadaber, onde foi martirizado. São Mateus deixa-nos grandes lições:
1 – A prontidão da sua obediência, pois, no instante em que Cristo o chamou, ele abandonou o seu ofício de cobrador de impostos e, sem temer os seus senhores, deixou tudo para juntar-se completamente a Cristo. São Jerónimo disse: “Se se atribui ao ímã a força de atrair metais, com muito mais razão o Senhor de todas as criaturas podia atrair para si aqueles que queria”.
2 – A sua generosidade ou liberalidade, pois logo serviu ao Salvador uma grande refeição na sua casa. Recebeu Cristo com grande afeto e amor e ali Jesus deu grandes ensinamentos: “Quero a misericórdia e não o sacrifício”, e “Não são os saudáveis que necessitam de médicos”.
3 – A sua humildade ao confessar ser um publicano. Ele chama a si mesmo de Mateus e publicano, para mostrar que ninguém deve perder a esperança na sua salvação, pois ele próprio de publicano foi, de repente, feito apóstolo e evangelista. (cf. Mt 9,13; 12,7; Mc 2,7; Lc 5,21)
4 – A honra do seu Evangelho ser lido com mais frequência que os outros. De um homem ávido por riquezas e avarento, Cristo fez um apóstolo e um evangelista. Que ninguém se desespere pelo perdão se quiser se converter.
Deixa o dinheiro para seguir o Mestre
Foi Judas, porém, e não Mateus quem teve como responsabilidade ser tesoureiro da pequena comunidade apostólica. Mateus deixa o dinheiro para seguir o Mestre, enquanto Judas o trai por trinta moedas. Quando falam do episódio do cobrador de impostos chamado a seguir Jesus, os outros evangelistas, Marcos e Lucas, falam de Levi. Mateus, ao contrário, prefere denominar-se com o nome mais conhecido de Mateus, e usa o apelido de publicano, que soa como utilizador ou avarento, “para demonstrar aos leitores – observa São Jerónimo – que ninguém deve desesperar da salvação, se houver uma conversão para uma vida melhor.”
Mateus, o rico cobrador de impostos, respondeu ao chamamento do Mestre com entusiasmo. No seu Evangelho, ele esconde humildemente este alegre particular, mas a informação foi divulgada por São Lucas: “Levi preparou ao Mestre uma grande festa na própria casa; uma numerosa multidão de publicanos e outra gente sentavam-se à mesa com eles.”
Depois, no silêncio e com discrição, livrou-se do dinheiro, fazendo o bem. É dele, de facto, que nos refere a admoestação do Mestre: “Quando deres uma esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará”.
O seu Evangelho é dirigido aos judeus, para mostrar-lhes que Jesus é o Messias esperado por Israel. É caracterizado por cinco grandes discursos de Jesus sobre o Reino de Deus. Foi escrito, com toda a certeza, antes da destruição de Jerusalém, acontecida no ano 70.
Uma tradição antiga recorda que Mateus sofreu o martírio, apedrejado, queimado e decapitado na Etiópia, de onde as relíquias do santo teriam sido transportadas, primeiro para Paestum, no Golfo de Salerno; e, no século X, para Salerno, onde até hoje são honradas.
Professor Felipe Aquino
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