Neste tempo de não liberdades, somos livres para escolher. Escolher entre o desânimo, escolher entre a derrota, ou escolher manhãs claras de sol, manhãs claras e quentes, mesmo no meio desta invernia que nos assola. Podemos escolher entre ser o sol que aquece, que ilumina ou deixar cair as trevas na nossa existência e na existência dos outros.
Neste tempo de não liberdades, podemos optar por ser, por ter, por querer, por chorar, por desanimar ou por gritar, gritar com a nossa voz interior, esta voz que sabe qual é o momento certo para falar, qual é o momento certo para agir.
Neste tempo de não liberdades, somos inteiramente livres para escolher. Escolher o caminho que queremos traçar, o caminho que queremos trilhar, se é o mesmo, o caminho do individualismo, do egocentrismo, do egotismo, de todos os –ismos que nós conhecemos (e tão bem conhecemos), todos os –ismos ligados ao ego, ou também podemos optar pelo Outro, pelo centro do nosso universo, sendo o outro, o cuidar do outro, o estar com o outro, na certeza que mesmo as nossas ausências físicas são presença. Presença pela oração, presença pela palavra, presença por um telefonema, presença por estarmos, por sermos amigos.
Neste tempo de não liberdades, podemos fazer da nossa liberdade as asas que nos levam mais longe, a aproximarmo-nos daqueles que sofrem, daqueles que por uma ou outra razão estão presos, daqueles que por uma ou outra razão estão nos hospitais, daqueles que por uma ou outra razão estão institucionalizados.
Este tempo de não liberdades é o tempo de pensar sobre o que fizemos da nossa vida, o que fizemos da vida do planeta, o que fizemos de toda a História.
Este tempo de não liberdades é o tempo da maior escolha, é o tempo do encontro, com a nossa verdade, com as nossas limitações, com as nossas dependências, mas também com as nossas forças, com as nossas capacidades de superação, com as nossas potencialidades e, até, com a nossa imaginação, a nossa criatividade e, acima de tudo, o encontro connosco, com a nossa interioridade, com a nossa espiritualidade, com o nosso lado transcendente, não o nosso lado meramente trabalhador, ativo, mas também o lado pacífico e apaziguador que todos nós temos.
É este o nosso caminho: neste tempo de não liberdades, encontrar o espaço que a liberdade nos oferece para sermos infinitamente livres.
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