Descobrir na nossa noite a estrela que não está nem fora nem acima de nós mas no nosso coração

A Epifania do Senhor é a manifestação ao mundo do amor misericordioso de Deus que enviou aos homens um Salvador (Tt 3,4-7).

1ª Leitura | Livro de Isaías 60,1-6

2ª Leitura | Epístola do Apóstolo São Paulo aos Efésios 3, 2-3a. 5-6

Evangelho | São Mateus 2,1-12

imagem | cathopic

Ele revela-se como luz, não uma luz qualquer, mas como “a luz” que veio resplandecer nas nossas trevas. Já o profeta Isaías tinha visto todas as nações dirigirem-se para Cristo, esplendor do Pai, revelação da Sua eterna glória, como refere a 1ª Leitura Is 60, 1-6.

Simeão cantá-l’O-á como “luz das nações” (Lc 2,32), apertando o pequeno Jesus nos seus braços depois de tão longa espera. Mas será Paulo, o Apóstolo dos gentios, o instrumento escolhido para a manifestação e atualização do desígnio universal de Deus, que oferece a cada homem a possibilidade de uma mudança radical: “Agora, em Jesus Cristo, vós que estáveis longe fostes trazidos para perto” (Ef 2,13). O verdadeiro Israel é agora a Humanidade inteira sedenta de Deus.

A estrela que surge no céu faz resplandecer sobre todos, indistintamente, a sua luz. O caminho de fé abre-se diante dos “homens de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5,9). É noite, está escuro, o céu é imenso, mas já não é um vazio que angustia, brilha uma estrela que indica um caminho, uma meta misteriosa, mas certa. Esta estrela não está fora nem acima de nós. Não está no firmamento cósmico, mas no nosso coração: é lá que, perscrutando na nossa noite, devemos descobri-la (Dt 30,14). Há pelo menos um momento na vida de cada um que lhe é dado fazer a experiência dessa luz interior. Nessa hora solene e secreta é que se vive intimamente  a festa da Epifania. Reconhece-se que, misteriosamente, o Senhor nos guiou ao encontro com Ele. Então, invadidos por uma alegria enorme, sentimos a urgência de viver, não já para nós mesmos, mas de nos oferecermos a Deus, inteiramente. Quase sem darmos conta, também nós nos tornamos luz, estrela, sinal para quem ainda deve chegar à gruta de Belém. Com efeito, seguindo a luz de Cristo e deixando-nos inundar pela sua alegria, tornamo-nos, segundo a Palavra do Evangelho, “luz do mundo” (Mt 5,14).

Contemplemos ainda este dia com o Salmo 71(72) – Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.