A celebração de todos os santos, canonizados ou não, conhecidos e desconhecidos, teve o seu início a 13 de maio de 609, quando o Papa Bonifácio VI dedicou o Panteão, templo romano onde se adoravam todos os deuses, a Nossa Senhora e a todos os santos mártires. O Papa Gregório III, em 835, fixou a data desta festa no dia 1 de novembro, a ser celebrada pela Igreja universal.
O Concílio Vaticano II recorda que “o verdadeiro culto dos santos não consiste tanto na multiplicação de atos externos quanto na intensidade do nosso amor efetivo, pelo qual, para maior bem nosso e da Igreja, procuramos na vida dos santos um exemplo, na comunhão com eles uma participação, e na sua intercessão uma ajuda” ( LG 51 ).
Na Liturgia da Palavra deste dia especial vemos que na 1ª leitura em Apocalipse 7, 2-4.9-14, este livro, escrito para animar os cristãos que experimentavam a bem- aventurança da perseguição, com linguagem simbólica, recorda que finalmente a vitória está do lado dos que seguem e dão a vida pelo Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Trata-se, felizmente, de “uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas”. O número de cento e quarenta e quatro mil é simbólico, indicando a totalidade dos cristãos, e resulta da multiplicação de 12 por 12 e por mil.
Na 2ª leitura, Primeira Epístola de São João 3, 1-3, vemos que São João, nesta sua carta, recorda-nos o nosso real estatuto, que é de filhos de Deus. É um privilégio inimaginável, mas que a omnipotência amorosa de Deus nos quis oferecer. Como recordava um homem santo, o P. Júlio Fragata, o facto de sermos filhos adotivos de Deus não quer dizer que seja apenas uma devota ficção, mas é uma realidade de fé não merecida, que nos é concedida com suma generosidade.
No Evangelho, Mateus 5, 1-12, São Mateus apresenta-nos o primeiro discurso de Jesus, as bem-aventuranças, ou seja, a arte de ser feliz na radicalidade do amor. É uma espécie de resumo de todo o Evangelho, que revoluciona os critérios do mundo, que indica a riqueza e o poder como o ideal a procurar por todos os meios. A felicidade segundo Jesus Cristo tem raízes no desprendimento das riquezas, nas lágrimas dos que são perseguidos por amor da justiça, no esforço por construir a paz em situações problemáticas, em viver na pureza de um coração que ama e serve quem precisa. Não há felicidade barata. Vale toda a pena pagar o alto preço da felicidade radical, como fizeram os santos que hoje festivamente celebramos.
Contemple o Senhor ainda neste dia solene com o Salmo 23(24), 1-4ab.5-6 – Esta é a geração dos que procuram o Senhor.
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