Embora se atribua à mãe a importância e dependência no início da vida do bebé, não podemos esquecer a contribuição da figura paterna, no desenvolvimento psíquico da criança.
Durante a gestação, sabemos que o bebé se desenvolve muito rápido e, não só, fisicamente, mas, também, emocionalmente. Neste sentido, se a mãe tem um parceiro tranquilo, estável, que lhe transmite segurança, conforto, carinho, ternura, a mulher vai-se sentir em paz, sem ansiedade, confiante e segura de um amor que vai, ela mesma, transmitir ao bebé.
Nos primeiros meses de vida do recém-nascido, é, sem dúvida, a mãe que tem um papel fundamental de providenciar alimento, higiene, conforto e carinho. Contudo, o parceiro necessita ser o porto seguro da companheira, onde ela se fortalece, sente-se amada e segura.
O pai assume a responsabilidade de transmitir firmeza e segurança ao bebé, desde tenra idade, mesmo sem ele perceber, a forma como segura o seu filho, a segurança que transmite o seu toque firme, é transferido ao bebé. Assim, como também é o pai que vai incentivar e colaborar na separação da díade mãe-bebé, pois o pai vai “partilhar” o seu filho com o resto da família, dos amigos e tem o papel de incentivar a companheira e o bebé para a sociedade.
“Espera-se que o pai seja um parceiro carinhoso, protetor e cooperativo com a mãe, desde a gestação do filho, para que ela possa se dedicar à criança num primeiro momento. Sua presença física e afetiva é fundamental para romper a relação narcisista do filho com a mãe, funcionando como uma ponte entre o mundo interno e a realidade externa da criança. Ao se afastar da mãe e se envolver com o pai, a criança desenvolve maiores habilidades exploratórias e responsividade social. Nessa etapa, bem inicial, a função do pai é, também, a de tolerar a exclusão temporária da relação mãe-bebé e espera pelo momento de participar mais ativamente”(1).
Posteriormente, o pai vai ganhando terreno na relação com a criança e as suas características físicas, biológicas e psíquicas vão ajudar a criança a estruturar-se psiquicamente.
É o pai, enquanto figura masculina, que transmite o sentimento de proteção, segurança e conforto, através da firmeza das ordens, regras e limites que estabelece. Claro, há resistências e lutas, as tão famosas birras, mas aí está o importante papel do pai: apoiar a mãe na firmeza das regras, ser figura de autoridade nos momentos pico, ser o colinho de ternura nos momentos de reconciliação e ser o brincalhão trapalhão nas travessuras (e ausências da mãe – sim o papel do pai é, igualmente, quebrar algumas regras inofensivas, nas costas da mãe).
Neste sentido, e de acordo com diversos estudos (2), o pai vai ajudar a criança a construir a sua personalidade de forma harmoniosa. Podemos, então, constatar esta harmonia em diversos aspetos da criança/adolescente: melhora a visão que tem de si (melhor auto-estima e auto-conceito), mais confiança em si mesma e nas suas decisões, mais equilibrada emocionalmente e, portanto, menos problemas de comportamento, diminui a probabilidade de comportamentos delinquentes, mais assertiva, mais social e menos propensão a patologias psiquiátricas. Esta criança torna-se um adulto responsável autónomo, independente, maduro emocionalmente, mais resistente às frustrações, mais assertivo nos comportamentos sociais, mais seguro de si, com melhor auto estima.
Pais, vocês são fundamentais no desenvolvimento saudável dos vossos filhos. Invistam na relação com as vossas crianças, sem medo e sejam, sempre, o apoio às vossas esposas nesse trabalho tão nobre que é educar.
(1) Saraiva, L., Reinhard, M. & Souza, R., (2012). A função paterna e o seu papel na dinâmica familiar e no desenvolvimento mental infantil. Revista brasileira de psicoterapia, 14 (3): 52-67.
(2) Damiani, C., Colocci, P. (2015). A ausência física e afetiva do pai na percepção dos filhos adultos. Revista Pensando famílias, vol. 19, n.º 2. Porto Alegre.
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