Uma Igreja santa, humana e divina
Caro internauta, segundo uma antiga tradição atestada por Santo Ambrósio, o Símbolo dos Apóstolos é composto por doze artigos de fé simbolizando o número dos doze apóstolos. O nono artigo do Símbolo Apostólico professa o seguinte dogma: “[Creio] na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos”.
Você já se perguntou quem seriam esses “santos”, os quais acreditamos estarem em comunhão? Santos são todos os crentes, quer dizer, cada membro da Igreja Católica (universal). É de extrema importância mencionar que “todos esses crentes” incluem os que ainda estão vivos sobre a terra e os que já morreram.
O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 953, afirma que o nosso ato de caridade mais insignificante reverte em proveito de todos os homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. A Igreja Universal (Católica), portanto, possui uma dimensão visível e uma invisível (espiritual).
Essas dimensões constituem uma única realidade, formada pelo duplo elemento: humano e divino. “É próprio da Igreja ser simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina; mas de tal forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação” (cf. CIC 771).
O corpo místico de Jesus
O próprio Jesus fala de uma íntima comunhão entre Ele e os que O seguem. Jesus comunicou o Seu Espírito sobre esses irmãos e os constituiu Seu Corpo Místico. Essa comparação da Igreja com um corpo lança uma luz particular sobre a ligação íntima existente entre a Igreja e Cristo.
Não é por acaso que a Encíclica Evangelii Praecones, escrita pelo Papa Pio XII, reconhece que, de fato, todos os fiéis formam uma só e grandíssima família, cujos membros comunicam entre si as riquezas da Igreja militante, padecente e triunfante. Existe entre esses membros da Igreja uma comunhão que é, ao mesmo tempo, de natureza visível e invisível.
Em suma, o Corpo Místico de Cristo refere-se à Igreja Triunfante, que é composta por todas as almas que já se encontram na glória de Deus (no céu); a Padecente formada por aquelas almas que já estão salvas, porém, ainda não totalmente purificadas (as que estão no Purgatório) e a Militante, constituída por cada um de nós, aqui na Terra, que fomos batizados e professamos a fé em Jesus Cristo.
A Igreja Militante
Reforçando a afirmação do parágrafo anterior, a dimensão da Igreja denominada de Militante diz respeito a todos nós que estamos neste mundo, fomos batizados e participamos da Eucaristia. É a parte da Igreja que ainda está a caminho do céu.
Se a Igreja é também militante, ela deve estar em constante atuação, exercício e participação. Ao mesmo tempo em que participa da Eucaristia, exercita-se na fé e na caridade, atua constantemente na missão de anunciar o Cristo. Além disso, milita contra o pecado e contra a ação do demônio.
Uma vez que os nossos irmãos na fé, que já partiram dessa vida, estão impossibilitados de fazer qualquer coisa por eles mesmos, nós da Igreja militante podemos e devemos, por meio das nossas orações, aliviar os sofrimentos dos que se encontram no estado de purgatório.
A Igreja Padecente
Embora já tenhamos feito alguns acenos para a Igreja Padecente nos parágrafos acima, quero citar um breve trecho do Catecismo da Igreja Católica que fala a respeito do purgatório: “os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão de todo purificados, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu”.
Em outras palavras, não se entra no céu com a menor sombra de pecado. É por isso que essas almas, embora já salvas, precisam passar por este estado de purgação e terem pagas as suas “dívidas”. Portanto, a Igreja padecente é formada por essas almas em estado de espera, ou seja, as que esperam a graça da santificação. A Igreja nos anima a rezar e a interceder por elas, especialmente as mais esquecidas.
Igreja Triunfante
O céu é para todos, contudo, sabemos que apenas os que morrerem na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados viverão para sempre com Cristo e O verão tal como Ele é. O céu é, conforme afirma o parágrafo 1024 do Catecismo da Igreja Católica, “o estado de felicidade suprema e definitiva”.
No céu só se encontram aqueles felizes e bem-aventurados que combateram o bom combate e não se desviaram da fé em Jesus Cristo. A Igreja triunfante é composta por esses nossos irmãos e irmãs que já fixaram morada seja no céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria, de São José e de todos os Anjos de Deus.
Grandíssimo bem faz a Igreja triunfante para a humanidade. Além de contribuir de modo admirável para a fé e a vida sobrenatural da Igreja militante na terra, faz com que os nossos rogos sejam apresentados a Jesus, o nosso supremo intercessor diante de Deus. Dessa forma, nossas súplicas formam uma única melodia com o eterno e ininterrupto hino de louvor à Santíssima Trindade cantado pela Igreja triunfante e pelos coros angélicos do céu.
Para finalizar, quero firmar a ideia de que as Igrejas militante, padecente e triunfante não se tratam de três Igrejas diferentes, mas uma única Igreja em três estados heterogéneos.
Deus abençoe você e até a próxima!
Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o “Terço em Família” pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)
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