Durante a missa, a certa altura, somos convidados a ficar de pé e a dizer o Credo. Podemos fazê-lo de muitas maneiras: como quem recita uma fórmula, incomodados porque é mais cómodo estar sentados, aliviados porque, finalmente, a homilia do padre terminou… Se calhar, todas estas formas deixam de lado o mais importante: a nossa fé deve ser testemunhada!
Vivemos com Deus uma relação de confiança. Ele oferece à nossa vida um sentido e uma beleza que torna os nossos dias mais luminosos. Nós acolhemos esse dom e colaboramos com o Espírito para que a nossa vida seja moldada segundo o coração de Deus. E, além disso, temos a ousadia de partilhar com outros essa nossa experiência feliz da fé. Porquê? Porque é quase espontâneo: quando temos boas experiências, gostamos de as partilhar. Porquê? Porque o próprio Jesus nos pediu que o fizéssemos. Ele conta connosco para dar testemunho do seu Evangelho. “Connosco, quem?”, podes perguntar-te. A resposta é simples: todos os Seus discípulos. Todos aqueles que fazem experiência de viver da fé em Jesus. No final da Eucaristia, na despedida, o sacerdote desafia todos: “Ide em paz”.
É óbvio que testemunhar a fé não consiste em andar pelas ruas a repetir a fórmula do Credo. Há maneiras de testemunhar bastante mais interessantes e mais afinadas com a maneira como Jesus vivia e anunciava o Evangelho.
Testemunhamos a alegria do Evangelho com a simpatia para com todos, mesmo nos dias em que nos sentimos tristes. E mesmo com aqueles vizinhos que “não merecem”.
Testemunhamos a verdade do Evangelho quando temos a coragem de fazer perguntas, de duvidar das modas e ideologias que nos tentam impingir. Testemunhamos dialogando com quem pensa diferente, respeitando as suas pessoas e negando, se for o caso, as suas ideias. Testemunhamos usando a razão como dom de Deus e procurando caminhos que levem a uma verdade mais profunda.
Testemunhamos cultivando a paz e o perdão. Pedimos a ajuda do Espírito criador, para nos ensinar caminhos novos e possibilidades criativas para superar os conflitos. Aprendemos com o coração de Jesus que o serviço e não a força é o caminho para nos entendermos nas nossas diferenças.
Testemunhamos cultivando o diálogo, isto é, encontrando as palavras e os gestos que o outro (que não fez a mesma experiência que nós) entenda.
Testemunhamos sem medo. Sentimos a pressão para ser iguais a todos. A calar o amor e a ternura de Deus. O receio que os amigos deixem de nos falar. Na proteção do Espírito, não nos amedrontamos, não nos escondemos, não fugimos.
Testemunhamos sempre. Mesmo quando a nossa fé é ainda insegura. Mesmo quando alguns dos nossos comportamentos e atitudes são ainda imaturos. Apesar de tudo, damos corpo à luz de Jesus.
Daqui a um ano, o Papa e tantos jovens de todo o mundo estarão em Portugal para celebrar a fé. Até lá, não faltarão ocasiões de, com gestos ou com palavras, dar razões da nossa esperança e da nossa alegria.
Padre Rui Alberto
Coordenador das Edições Salesianas
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