A Mulher está a esquecer-se de quem é, está a distanciar-se da ideia original de Deus, do sonho de Deus para cada uma de nós, enquanto Mulheres. A sociedade impulsiona a “guerra dos sexos”, homem vs. Mulher, quem é o mais forte? O movimento feminista cresce na luta pela igualdade de direitos, mas é um terreno perigoso. Surge com força o movimento da igualdade de género, outro grande perigo. E no meio de tudo isto, nós mulheres perdemos a essência de nós mesmas. A questão não está em ver quem é mais forte, quem pode fazer este ou aquele trabalho. Precisamos ter cuidado com as desculpas que arranjamos para não querermos corresponder à nossa essência de ser mãe e educadora.
Ser mãe implica uma série de renúncias e há momentos no crescimento dos filhos, que por mais que gostem do pai e se sintam protegidas e amados por ele, querem só a mãe! Mãe é mãe! Não há substituto para o colinho da mãe, que tudo cura. Aliás, existem momentos que só mesmo o colo da mãe cura as feridas e as marcas que a vida vai colocando em nós.
A sociedade está a dizer-nos que não temos tempo para sermos mães, para educarmos os nossos filhos, precisamos colocá-los o mais cedo possível aos cuidados de outros, pois o importante é sermos produtivos no trabalho. Sabemos da dura realidade, de empresas que despedem mães, grávidas ou não renovam os contratos. Não temos tempo para exercermos o dom de ser Mulher, que Deus sonhou para nós.
Deus SELOU na nossa alma o Dom de ser Mulher e nós estamos a tapá-lo, ofuscá-lo e isso traz repercussões. O reflexo desse afastamento é a quantidade de solidão, tristeza e perda do conceito de Família. A grande missão que Deus nos deu foi de conservarmos a nossa família, sermos MÃES e conduzirmos os nossos filhos e maridos a Deus.
Precisamos voltar às origens e desbravar caminho para chegarmos ao selo original impresso por Deus em nós.
Edith Stein (Santa Teresa Benedita da Cruz) diz assim, no seu livro “A Mulher: sua missão segundo a natureza e a graça”: “A estrela que nos guia não é um ideal humano e feminino qualquer. Trata-se de um ideal constituído antes dos tempos, para todos os tempos. Deus criou a mulher para que ela estivesse ao lado do homem, acima de todas as demais criaturas, para ser seu auxílio adequado ligado a ele numa união, de vida duradoura e indissolúvel; ele os incumbiu – de modo especial a mulher – de procriar e educar os filhos: não só para que tivessem força e saúde e vitalidade, mas para que fossem cidadãos do reino de Deus. Ele fez do vínculo matrimonial o instrumento de santificação dos esposos. O sentido triplo do matrimónio que a Igreja expressa nas palavras fides, proles, sacramentum precisa ser resguardado hoje contra a investida das opiniões de massa que acabaram derrubando a moral burguesa. Que ele seja resguardado é uma questão vital para o nosso povo e para toda a humanidade. Não existe outra base teórica para resguardá-lo do que a doutrina católica” (p.50).
Nós mulheres precisamos preservar o nosso Dom, a nossa identidade. Essa tem que ser a nossa grande luta.
A Mulher tem características especiais que a diferenciam do Homem, para além das físicas. A Mulher traz dentro de si a doçura, o cuidado, a beleza, a preocupação, o carinho, a paciência, a ternura e a dedicação. A Mulher é corajosa, lutadora, trabalhadora, imaginativa, educadora, conselheira, amiga. Portanto, a Mulher tem impressa na sua alma o cuidado para com os outros, velar, conservar, alimentar, proteger e promover o crescimento, por vezes, nas maiores adversidades (e como somos especialistas em vencer os sofrimentos!).
Olhemos para Maria como modelo para cada uma de nós. Qual o centro da vida de Maria? O seu filho. Edith Stein, explica mais à frente, no seu livro, como Maria o foco no seu filho: aguarda-o numa feliz expetativa; vela sobre a sua infância; segue-o nos seus caminhos (ora de perto, ora à distância, de acordo com o desejo dele); segura nos seus braços o filho morto e executa o legado após a sua partida.
Em tudo isto realiza a sua causa, sendo a serva do Senhor, cumprindo a missão que Deus lhe confiou. Não considera o filho propriedade sua, foi Deus que lho deu e é para lá que retorna. A sua “profissão” foi ser mãe e educadora e assim realizou a sua missão.
Estou a viver o dom de ser Mulher como Deus sonhou para mim?! Que Nossa Senhora seja o nosso modelo de Mãe e Educadora e nos auxilie nesta tarefa tão nobre e desgastante de educar, sem perdermos o foco da nossa missão e do Dom de ser Mulher.
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