Neste primeiro Domingo da Quaresma vamos meditar no Evangelho de São Mateus 4, 1-11 em que Jesus jejua durante quarenta dias e é tentado. E, em seguida deixo uma dica de como viver bem cada dia desta 1ª Semana da Quaresma. Façamos a meditação desta palavra vivida por Jesus que o preparou para a sua missão de ver, ajudar e amar os outros. Assim somos nós também chamados a fazê-lo.
Jesus, é conduzido pelo Espírito ao deserto por um período de intensa oração e jejum ( vv. 1-2 ), e é nesta situação de fragilidade humana que O surpreende o tentador. A tentação a que Jesus é exposto é de carácter essencialmente messiânico: realizar fáceis prodígios que satisfaçam as necessidades materiais ( vv. 3-4 ), chamem a atenção ( vv. 5-6 ) e exaltem a vontade de possuir ( vv. 8-9). O Filho de Deus rejeita o messianismo triunfal e espectacular, numa opção radical de escuta e de obediência ( vv. 4.7.10 ).
Se a tentação dos nossos primeiros pais era situada num jardim luxuriante, que sustentava o homem com as suas dádivas, o episódio de que Jesus é protagonista é situado no deserto, onde falta tudo e onde é mais difícil manter-se firme na confiança em Deus. No deserto árido, Jesus apela somente à força da Palavra. Também o Diabo conhece a Escritura, e cita-a habilmente, distorcendo a para os seus fins ( cf. v.6 ). O Mestre restitui à Palavra de Deus o primado e o sentido autêntico de alimento para a vida, sustento no caminho, radicalizado no serviço. Brilha n’Ele o homem novo, vértice da Criação, que não cai presa da soberba humana, e é por isso servido não com o fruto do orgulho próprio, mas com a amorosa presença dos “anjos”, enviados pelo Pai ( cf. v.11 ).
Em Jesus recompõe-se assim a antiga harmonia cósmica perturbada pelo pecado. O Espírito, que conduz ao deserto ( cf. v.1 ), coloca o “novo Adão” à prova para que sejam restituídas ao “velho Adão” a sua nobreza e a vida.
Vejamos agora a visão de conjunto desta 1ª Semana da Quaresma:
Preparar a Quaresma não é essencialmente, fazer penitência, privar-se. Nesta primeira semana veremos que preparar a Quaresma é sobretudo ver, ajudar, amar os outros, como se fosse o próprio Cristo em Pessoa. É encontrar-Lo através do pobre e do ofendido. É sobretudo procurar ser perfeito como o Pai celeste.
2a feira: Ser santo é ser como Deus: pensar, viver, trabalhar pelo material e espiritual dos outros, como se fossem a Pessoa de Cristo.
3a feira: Ouçamos a Palavra de Deus e façamo-la frutificar em obras de amor e de perdão.
4a feira: Vejamos o amor de Cristo por nós na Sua Paixão, Morte e Ressurreição, imagem de Jonas no monstro marinho; e correspondamos a tanto amor com uma vida agradecida.
5a feira: A oração é encontro silencioso e adorador diante de Deus, que não resiste aos nossos pedidos, se são para Sua glória e para o nosso maior bem.
6a feira: Todos responsáveis, mas solidários. Diferentes, mas irmãos. Peregrinos nesta terra, mas a caminho da Terra Prometida.
Sábado: O amor de Deus é sem limites, nem distinções. Se queremos pertencer ao Seu povo, agora e mais tarde, não podemos ter falhas no nosso amor.
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