Vivo em autogestão ou correspondo ou chamamento quotidiano de Jesus?

Estamos no 2º domingo do tempo comum e na liturgia da Palavra o Senhor exorta-nos a segui-lo com amor e coerência de vida.

Como Samuel, na primeira leitura (3, 3b-10.19), o Senhor chama-nos pelo nosso nome, pois somos únicos para Deus. Como sublinha um autor, para Deus não há ninguém anónimo ou de rosto desconhecido, porque “Deus só sabe contar até um” (André Frossard).

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Trata-se de um chamamento interior, na intimidade do nosso coração. Importa estar atentos e discernir que não é uma voz qualquer, mas a do próprio Senhor. São apelos interiores para evitar o mal e fazer o bem; são moções na nossa consciência para seguirmos  o que Deus quer de nós, com exigências sempre a nosso favor e ao serviço dos que precisam de nós. “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta” – deve ser a nossa resposta, imitando a disponibilidade de Samuel.

Na segunda leitura (1Cor 6, 13c-15a.17-20) São Paulo escreve aos cristãos de Corinto, cidade que tinha a fama de ser libertina e imoral. Adverte que seguir a Jesus tem exigências concretas de um estilo de vida guiado pelo amor e não pelo egoísmo desgovernado por baixos instintos. Sendo o nosso corpo “templo do Espírito Santo”, há que evitar os pecados que são como sacrilégio e profanação. Importa, pois, “glorificar a Deus no nosso corpo”. Assim, os cuidados com a nossa higiene, alimentação e saúde têm a alta dignidade de obras de restauro e embelezamento do templo de Deus que somos nós.

No Evangelho encontramos o chamamento dos primeiros discípulos, que o evangelista João situa junto ao rio Jordão, onde João Batista exercia a sua missão de precursor. Foi ele que indicou a André e a seu irmão Pedro a presença do Messias: “Eis o Cordeiro de Deus”. E seguiram Jesus, que é sempre uma aventura, sem mapa sem agenda. “Onde moras?”, perguntaram os discípulos. “Vinde ver”, respondeu Jesus. O mesmo Senhor nos desafia hoje a segui-lo, cada um segundo o seu estado e modo concreto. A nossa vida cristã não pode ser vivida em autogestão, por conta própria, mas deve ser sempre uma resposta ao chamamento quotidiano de Jesus.

Contemplemos ainda o domingo do Senhor com o Salmo 39 (40) – Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.