O Padre Marco Luís, da Diocese de Setúbal, nomeado recentemente vice-postulador da Causa de Beatificação e Canonização de Francisco Van Thuân, destaca o trabalho conjunto que tem vindo a realizar com a Fundação AIS na divulgação da vida e do exemplo deste cardeal vietnamita.
“Muito do caminho feito até aqui no meu trabalho nesta causa foi com o apoio da Fundação AIS, por se tratar da figura de um cristão e bispo perseguido e refugiado, como tal modelo para toda a Igreja e de forma especial para os cristãos perseguidos”, explica o sacerdote de Almada.
“O facto desta causa ser promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral de âmbito pontifício estou certo que reforça ainda mais a ligação com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, também ela pontifícia”, acrescentou ainda.
Para o Padre Marco Luís, que conheceu a figura e as obras de Van Thuân no ano de 2002, o grande desafio que se coloca agora à Causa de Beatificação e Canonização – que a nível processual está encerrada – é a dinamização espiritual da própria figura do Cardeal. “Falta apenas o milagre para a sua beatificação”, explica o padre português, sublinhando que se trata “da figura de um perseguido e refugiado por causa da sua fé em Cristo e pertença à Igreja Católica”.
Sobre a importância de ser vice-postulador desta Causa, o Padre Marco Luís destaca o trabalho de “difusão da vida e figura deste grande Cardeal vietnamita” para que “as pessoas peçam cada vez mais a sua intercessão e para que o sinal de Deus que constitui o milagre aconteça”. Isso, diz em declarações à Fundação AIS, “é o foco da missão de vice-Postulador”. Um trabalho que está facilitado pelo facto de se tratar “de uma figura contemporânea da Igreja de dimensão mundial”, já bastante conhecida em diversos países.
Foi esta ligação entre o Padre Marco Luís e a vida e obra do Cardeal Van Thuân, que o tempo tem vindo a estreitar, que conduziu à sua nomeação como vice-Postulador. “Sempre gosto de me apresentar como um devoto do Cardeal Van Thuân”, explica o padre português que aceitou esta nova responsabilidade na sua vida “após a concordância” do Bispo de Setúbal – a cuja diocese pertence – “que foi contactado para o efeito há alguns meses”.
A tarefa de “dinamização espiritual” da Causa do Cardeal Van Thuân vai passar, acima de tudo, esclarece ainda, “por organizar palestras sobre ele”, fazer chegar o material da causa de beatificação “a muitos lugares” e a “desenvolver missões nos mais diversos lugares que o Espírito Santo suscitar”. Na verdade, diz ainda o Padre Marco Luís, “o principal objectivo [é] fazer com que mais pessoas rezem através da intercessão do Venerável Van Thuân”.
O Padre Marco Luís, agora vice-Postulador da Causa de Beatificação de cardeal Van Thuân, tem colaborado com a Fundação AIS através da edição de algumas obras mas também na tradução para português de textos do prelado vietnamita que foram entretanto editados pelo secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre.
Exemplo disso é a biografia de Van Thuân –“Homem de esperança, caridade e alegria” – escrita pelo Postulador Waldery Ilgeman e pela antiga secretária do cardeal vietnamita, Luísa Melo, e que foi apresentada em Lisboa em Setembro de 2016 com a presença da referida secretária.
Na ocasião, a chilena Luísa Melo deixou um apelo aos portugueses para que, diariamente, nas suas orações, não esqueçam o exemplo de fé deste homem que passou treze anos nas cadeias do regime comunista.
“Temos de rezar todos os dias para que Deus, através da intercessão do Cardeal, faça acontecer um milagre, pois com um milagre ele será proclamado Beato”, afirmou Luísa Melo, destacando nas suas memórias a figura deste prelado “profundamente devoto da Virgem Maria”.
A apresentação do livro coube então a Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz, que comparou o “calvário do Cardeal Van Thuân” ao sofrimento e às perseguições dos cristãos nos dias de hoje.
“A prisão do Cardeal Van Thuân, por causa da sua fé e da sua missão de pastor, faz dele mais um exemplo de como um sistema político que nega Deus e combate a religião (neste caso o comunismo ateu) acaba por negar a dignidade da pessoa humana e os seus direitos fundamentais”, disse Vaz Patto nesta sessão promovida pela Fundação AIS, acrescentando que “no calvário” do cardeal “podem reconhecer-se os cristãos que hoje sofrem perseguições por causa da sua fé e que vivem alguma forma de martírio”.
O cardeal vietnamita Francisco Xavier Van Thuân nasceu a 17 de Abril de 1928 no Vietname e foi ordenado sacerdote em 1953. Após os estudos em Roma, foi reitor do Seminário Menor e depois Vigário-Geral na Diocese de Hué.
A 24 de Junho de 1967 foi sagrado bispo tendo sido nomeado, a 23 de Abril de 1975, Arcebispo Coadjutor de Saigão pelo Papa Paulo VI. A 15 de Agosto do mesmo ano foi preso, vindo a ser libertado apenas a 21 de Novembro de 1988.
Após ser expulso do seu país foi para Roma tendo sido nomeado Vice-Presidente e depois Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, entre 1994 e 2002. No ano jubilar de 2000, por vontade do Papa João Paulo II, pregou os exercícios espirituais da Quaresma à Cúria Romana, tendo sido o primeiro bispo asiático a fazê-lo.
Em 2001, Francisco Xavier Van Thuân foi nomeado cardeal juntamente com o Cardeal Jorge Bergoglio. Após sofrer de um tumor, sofrendo imenso, morreu na clínica Pio XI em Roma a 16 de Setembro de 2002.
O processo para a sua beatificação foi aberto em Roma, em 2010 e o Papa Francisco declarou-o Venerável em Maio de 2017.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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