Tímido? Como assim?

A timidez é a consciência de preservação do ser interior

Ainda que sejamos espontâneos na maior parte do tempo, todos nós experimentamos algum grau de timidez. Prova disso é que muitos artistas, cujas vidas são constantemente expostas pelos media, declaram-se tímidos. Diante disso, a tendência da nossa racionalidade é duvidar. “Tímido? Como assim?”. Essa reação acontece em vista da exposição e da repercussão a que eles se submetem.

De fato, existe em nós um mistério que o inconsciente insiste em não revelar. É a sacralidade, o território, a morada interior que se caracteriza com o mais profundo “eu”. Onde está a nossa essência, nosso núcleo íntimo como pessoa. E quando sentimos que alguma situação ou outra pessoa está rompendo, violando esse território interior, nos sentimos roubados de nós mesmos.

A timidez é a consciência de preservação do ser interior, portanto, natural e boa. Mas se você é tímido demais e chega ao extremo de se ver paralisado diante de alguma situação, saiba que está precisando vencer essa barreira. A timidez não pode tirar a sua liberdade de viver e o gosto de compartilhar vitórias e bons momentos entre as outras pessoas. Até porque o nosso íntimo tem a vocação de estar em comunhão, pois precisamos de relacionamentos, dividir o que somos.

As virtudes também são adquiridas pelo exercício. Inicie devagar, sem a imposição, a obrigação de acabar com a timidez de uma hora para outra, dê passos. Comece com alguma coisa mais fácil de no momento. Disponha-se a fazer uma leitura na igreja, a ensinar algo a alguém ou a um pequeno grupo de pessoas. A partir de tarefas assim, vamo-nos acostumando a mostrar um pouco mais de nós mesmos.

Com certeza, dentro de algum tempo, descobriremos a alegria de poder estar mais à vontade com os outros, de fazer parte da vida deles e estarmos inseridos na vivência de outras pessoas também.

Não tenha medo de se lançar. Tudo parte de uma decisão que, com o exercício da virtude, aos poucos se torna natural em nós.