Testemunhos de um mosteiro de clausura no coração de Lisboa

A descoberta foi feita por uma aluna do curso de Economia da Universidade Nova de Lisboa e a conclusão levou-a para um convento de clausura: no Evangelho, 1 é mais do que 99.

Rita Maria de Assis tem 22 anos, é noviça da Ordem de Santa Clara (Clarissas) e está há dois anos no Mosteiro do Imaculado Coração de Maria em Lisboa.

Estudou economia, esteve seis meses fora do país no programa Erasmus, mas não encontrava resposta para algumas equações.

“Quando Deus larga as 99 ovelhas para ir à procura de uma que está perdida, então como é que um vale mais do que 99?”, questiona.

Hoje reconhece que na Faculdade de Economia não havia resposta para esta opção: “Isto transformou completamente a minha forma de olhar os números e a minha vida”.

“Percebi que a economia de Deus é outra. Para nós homens 99 é maior do que 1, mas para Deus 1 pode ser maior que 99”, acrescenta.

Rita não foi a única jovem a bater à porta das Clarissas da Estrela, em Lisboa; como ela vive Inês, antiga professora de Educação Física, cujos planos de vida passavam pelo casamento e pela família.

“Comecei a sentir muita vontade de estar na intimidade com Deus, na solidão, na contemplação… e isso assustou-me imenso”, revela.

Inês tinha uma vida muito ativa a nível desportivo e de envolvimento social, pelo que esta opção pela intimidade e pelo silêncio era o oposto.

“Direi que foi um desafio absurdo de Deus convidar-me para uma vida assim”, graceja.

Passaram seis anos e a Irmã Inês Maria do Coração de Jesus é hoje professa temporária de votos simples.

Reconhece que foi uma peregrinação interior onde não faltaram as dúvidas e as incertezas: “Graças a Deus fui tendo dúvidas. Só elas é que nos confirmam certezas” diz esta religiosa que reconhece que quem está num convento tem as mesmas fragilidades do comum das pessoas”.

No Mosteiro vivem cinco religiosas, das quais a irmã Inês e a irmã Rita são as mais novas a abraçar um desafio diferente.

A irmã Rita de Assis já era assídua do mosteiro enquanto estudante, onde participava na Missa antes das aulas ou ao final da tarde.

Esta familiaridade para com o mosteiro tornou-se um testemunho para os próprios colegas de faculdade.

“Foi muito bonito perceber que era através da oração e do silêncio que os meus colegas também iam sendo conduzidos a Deus e eles próprios se interrogavam e questionavam acerca da origem da minha alegria e o sentido que eu colocava no que fazia”, relata.

O último semestre do curso já foi passado no mosteiro onde Rita de Assis encontrava a sua vocação.

Hoje sorri e diz que a economia é outra: “É a economia da salvação, porque pela oração e pelo silêncio dentro do mosteiro, acreditamos que as almas, os homens, a humanidade vai sendo pouco a pouco conduzida até Deus e Deus vai sendo levado aos homens também… somos mediadoras”.

Fonte: Agência Ecclesia