O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios diz que a Igreja Católica deve mostrar o sacerdócio não como uma “necessidade” ou “problema”, mas sim um “dom para os outros”, fruto da “misericórdia de Deus”.
“Nós ainda vemos o sacerdócio e até as vocações sacerdotais com uma necessidade, às vezes como um problema, uma realidade que dessa forma não nos leva a parte nenhuma”, sublinhou D. Virgílio Antunes em Fátima, numa entrevista à Agência ECCLESIA integrada na Semana dos Seminários que está a decorrer em Portugal.
O bispo de Coimbra, que está a participar na 190.ª assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, reconheceu a necessidade da Igreja Católica “mudar algumas das perspetivas que vinha insistindo no passado”, em matéria vocacional.
Lançada no último domingo, a Semana dos Seminários tem como tema “Movidos pela Misericórdia de Deus”.
D. Virgílio Antunes recordou que “o fundamento de qualquer vocação é a própria humanidade” de cada pessoa, criada “para ser um dom para os outros”.
“E com certeza que a perspetiva de fé e o sentir a misericórdia de Deus, o sentirmo-nos chamados, como que potencia aquilo que já faz parte de nós naturalmente”, acrescentou.
Na sua mensagem para a Semana dos Seminários, o responsável católico frisa que “uma educação cristã que não favorece experiências fortes de encontro com Deus nos momentos de espiritualidade, de oração, de reconciliação, de perdão, de partilha das misérias humanas, não pode ter consequências vocacionais”.
Ao mesmo tempo “uma família que não vive relações de comunhão a partir da fé e onde cada um não está disposto a acolher, compreender e perdoar no seguimento de Jesus, não fomenta os gérmenes da vocação”.
Para o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, a Igreja Católica e as suas estruturas devem “começar exatamente por aí, ajudar os jovens, as crianças e até as pessoas na primeira fase da vida atual, a tomarem consciência de que a sua vida humana é já um dom para os outros e que não tem sentido, não se realiza se não for no serviço aos outros, nas mais variadas situações e circunstâncias”.
“Porque esse é o ponto de partida para a construção de qualquer vocação cristã ou sacerdotal. A pastoral vocacional tem de entrar na agenda de todos os ramos, de todas as áreas da pastoral, e em primeiro lugar na agenda do próprio pároco e da comunidade paroquial”, completou.
Fonte: Agência Ecclesia
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