Padre denuncia risco de islamização do país com autoridades a “minimizaram” importância dos Cristãos
Apesar de a comunidade muçulmana representar apenas cerca de 57% da população [os Cristãos são 35,2%], têm existido diversas tentativas de islamização da sociedade chadiana. A denúncia é do Padre Léandre Mbaydeyo, em entrevista à Fundação AIS.
Segundo este sacerdote, oriundo da Diocese de N’Djaména, essas tentativas de islamização do Chade foram particularmente visíveis antes da morte de Muammar al-Gaddafi, em 2011, quando a Líbia patrocinava a construção de mesquitas. “Foram construídas mesquitas em quase todos os lugares, até mesmo nas cidades cristãs do sul.” Além disso, acrescenta este sacerdote – que está actualmente a viver em Paris, na paróquia de Saint Ambrose, graças a uma bolsa de formação patrocinada pela Fundação AIS – “os jovens muçulmanos foram encorajados a casar com mulheres cristãs para convertê-las e terem filhos muçulmanos…”.
A queda do regime líbio significou um desagravamento desta realidade mas não a sua extinção. Por isso, o risco de islamização continua presente no dia-a-dia. “Nos lugares onde coexistem cristãos e muçulmanos, continua a existir pressão para a conversão ao Islão. No mundo do trabalho, em particular, é mais fácil promover contratos comerciais quando se é muçulmano. Por outro lado, é muito difícil para um muçulmano converter-se ao cristianismo, e aqueles que dão esse passo muitas vezes acabam por ser rejeitados pelas suas famílias.”
Esta percepção estende-se ao próprio Estado. Diz o Padre Léandre que a administração pública do Chade tende “a minimizar a importância” dos cristãos. E dá um exemplo. “Na estatística oficial, o número de cristãos chadianos apresentados pelo governo baseia-se no censo de 1983. Eles querem que as pessoas acreditem que o Chade é um país muçulmano!”.
A agravar este sentimento, e apesar da forma como as autoridades militares têm procurado manter o Chade fora do alcance da violência terrorista, a verdade é que o país está rodeado por grupos de inspiração jihadista particularmente activos na Líbia, Sudão, República Centro-Africana, Camarões ou Níger… “Todos estes países estão a atravessar tempos turbulentos…”, diz o sacerdote.
O Padre Léandre Mbaydeyo sabe bem do que fala quando se refere à ameaça terrorista e à violência que assola esta zona do continente africano. “Eu próprio nasci longe da cidade natal dos meus pais, que tiveram que fugir por causa da guerra. Sou, pois, um filho da guerra…”
Sobre a Igreja Católica no Chade, o Padre Léandre reconhece que é ainda “jovem” – não tem sequer 100 anos – “é dinâmica, com muitos baptismos”, mas tem, “por outro lado, falta de vocações sacerdotais”.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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