Sonhar o mundo a partir de Deus no meio da obscuridade da vida

Na homilia da celebração deste 13 de maio, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, socorre-se do proferido na oração da coleta elevando ao altar da Eucaristia o trabalho generoso pela salvação do mundo.

E não poderia elevar este pedido a Deus sem também se socorrer da presença de Nossa Senhora porque “Ela é a mulher de fé que sabe permanecer, como discípula autêntica, na Hora de Jesus (cf. Jo 2, 1-12; 19, 25-27) e sabe também estar na hora da Igreja… para ir dos inúmeros Cenáculos fechados a fim de O dar a conhecer ao mundo inteiro, com a força e os dons do Espírito Santo”.

Pietro Parolin reflete na primeira leitura desta celebração que “foi-nos lembrado que a história não é um afastamento progressivo e inexorável de Deus, como poderia levar-nos a crer aquilo que geralmente consideramos sinais da sua ausência: as lágrimas sem resposta, o luto contínuo, os lamentos causados pela infidelidade, a traição e a violência, a fadiga que se sente em viver numa cidade baseada na opressão, a morte que apaga e silencia tudo e todos. Ao contrário, a história constitui o aproximar-se fielmente de nós da cidade de Deus, onde tudo resplandece com a novidade que a sua presença e benéfica ação tornam possíveis”.

É dentro desta realidade que o Secretário de Estado do Vaticano refere Jesus que sentiu no próprio corpo os efeitos da ausência de Deus, mas optou por escolher suspender esse afastamento, preenchendo-o com o seu amor que leva “escandalosamente” até ao perdão e que é nesta perspetiva e , n’Ele, Maria anuncia que o Pai faz novas todas as coisas: faz-nos novos a nós para que aprendamos, com a sabedoria do Espírito Santo, a transformar as pedras das nossas demolições em pedras vivas que moldam a Jerusalém do céu”.

Manifesta assim o desejo de Deus de “realizar em cada pessoa humana este «mistério oculto há séculos»: ser Pai mesmo de quem não passa de «terra e cinza», abrindo caminho à lei do amor e fazer da «casa comum», que é este nosso planeta saqueado, a casa daqueles que, na sua diversidade, se reconhecem entre si irmãos e irmãs, não reproduzindo o «paradigma de Caim», mas segundo a «cultura do encontro, do conhecimento recíproco e da cooperação»”.

Nesta direção evoca Maria que “é conjuntamente sinal e testemunho, porque a sua maternidade universal não conhece os muros das diversidades culturais, sociais, políticas”, deixando-nos a penitência e a oração como palavras-chave deste lugar como formas de conscientização da aproximação da humanidade à Jerusalém do céu, o dom do Espírito, a vocação de «sonhar», que nos ensinam a testemunhar a Páscoa de Jesus.

.: Assista à homilia na íntegra:

Na palavra ao doente, Ana Luísa de Castro da Aliança de Santa Maria reflete nas palavras do Papa Francisco sobre as situações de doença: a fé em Deus se, por um lado, é posta à prova, por outro, revela toda a sua força positiva; e não porque faça desaparecer a doença, a tribulação ou os interrogativos que daí derivam, mas porque nos dá uma chave para podermos descobrir o sentido mais profundo daquilo que estamos a viver; uma chave que nos ajuda a ver como a doença pode ser o caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus, que caminha ao nosso lado, carregando a Cruz. E esta chave é-nos entregue pela Mãe, Maria, perita deste caminho.”

A religiosa traz à memória D. Tonino Belo, bispo italiano que morreu vítima de cancro “e sobre quem decorre o processo de beatificação, encontrou na parede de uma sacristia um crucifixo ao lado do qual se encontrava um letreiro com estas palavras: “colocação provisória”. Refere que estas palavras são a melhor fórmula para descrever a cruz de Jesus mas as nossas também porque a cruz “não é morada de ninguém, é provisória, tem um início e terá um fim, e para além da cruz, espera-nos a glória da ressurreição”.

Os videntes de Fátima foram esse exemplo de que o “tempo de escuridão é sempre passageiro” que sendo breve ou não a pergunta fundamental não se centra no muito demorado sofrimento ou não “mas como é que viveremos esse tempo”, reflete. Concluindo assim Ana Luísa que “os pastorinhos escreveram uma história de graça e misericórdia com o pouco ou muito tempo que tiveram e que isso permanece e continua atuante hoje na sua presença e intercessão” pela humanidade.

.: Galeria de Fotos

13 de Maio

Apressadamente como Maria ao encontro do sofrimento humano preso na falta de sentido e no desespero

Marta Nogueira