Qual é a influência das séries em sua vida?
O conteúdo do que se assiste, e o tempo que se perde diante de séries e outros entretenimentos audiovisuais, podem roubar o que você possui de mais precioso: sua fé.
Episódio 1 – piloto
O saudoso padre Léo, quando se referia à televisão, dizia que não podíamos assistir TV, devíamos assistir “programas de TV”. A sabedoria por trás dessa afirmação é que, ao “assistir tv”, acostumamos nos ”jogarmos” no sofá e assistirmos qualquer coisa. Se o que está passando não agrada, inicia-se o eterno zapear de controle remoto até se encontrar alguma coisa menos insuportável. Moral da história: assistir à tv pode equivaler a perder muito tempo da vida absorvendo bobagem.
Qual a solução? Escolher um ou mais programas e assistir somente a esses. Ligar a tv, assistir, desligar. Sem esperar a “próxima atração”. Ou, hoje, como se tem mais recursos, pode-se gravar somente o que interessa ou somente os episódios da série favorita.
Intervalo do Episódio 1: pegue uma pipoca e reflita que, os que acham que sem assistir tv fica-se alienado do mundo, deveriam perceber que o Papa Francisco não pára na frente da telinha desde 1990 (27 anos!!!) e é um dos homens mais (e melhor) atualizados do globo.
Mas, obviamente não condeno o “ficar de bobeira na frente da tv” de vez em quando. Porém, se isso passa de 1 hora por dia, cuidado! As chances da bobeira estar tomando conta da sua vida são muito reais e concretas.
Aos adoradores de tela
Costuma-se também pensar que, quem assiste séries gravadas está isento da programação cerebral. Enganam-se! Os maratonistas deveriam entender que, mesmo que a série seja boa, passar um fim de semana inteiro, ou quatro horas direto assistindo um episódio após o outro, não é uma boa ideia. Só consigo rir (ou chorar) quando escuto os viciados em série dizer que a vida está tão corrida que não tem tempo mais pra rezar.
Adoradores de tela – sejam de TVs, PCs, tablets ou celulares – precisam ler Mt 6, 24* e perceber que, quando me torno um adorador de tela, automaticamente o sacrário (e Quem o habita) perdem a graça e acabam não tendo lugar na nossa rotina de vida.
Se você já entendeu que a tela foi feita para o homem e não o homem para a tela, e usa desse maravilhoso recurso com maestria e sem escravidão, parabéns! Avance para o próximo episódio!
Episódio 2 – uma ameaça fantasma
Há algo oculto atrás de cenas de ação eletrizantes, direção de arte, efeitos especiais e rostos bonitos. Chama-se conteúdo! Nas histórias infantis clássicas, esse conteúdo era sempre esclarecido no final e intitulava-se: moral da história.
Analise qual é a moral da história do que você assiste, seja série, programa ou filme. Não se engane, está lá e quanto mais escondida ela se encontra no enredo, mais valiosa ela é. Não existe financiamento em superprodução se esta “alma” do audiovisual não está presente. É por isso que Mel Gibson suou para conseguir US$ 30 milhões para produzir o filme ”A Paixão de Cristo” e, mesmo arrecadando US$ 612 milhões, ou seja, mesmo com lucro de inacreditáveis 2.000%, Hollywood não está interessada em produzir um spin-off ou uma sequência. A mensagem do Evangelho não é bem o que eles querem transmitir.
Intervalo do episódio 2: beba uma água e, pra quem acha que 30 milhões de dólares é muito para se produzir um filme, veja o orçamento de Homem Aranha 2, também de 2004 e King Kong, de 2005: cada um gastou mais de US$ 250 milhões (!!!!) em produção.
O que a série te leva a fazer, pensar ou viver?
Aí está a “moral da história”. E não estou aqui falando sobre as produções que, apresentam conteúdos, visivelmente, contra os mandamentos e a fé cristã, como apologias ao ódio, conteúdo pornográfico ou ofensivo. Acredito que quem lê este artigo é minimamente convertido a ponto de evitar conteúdo flagrantemente contrário à moral católica.
Neste ponto, lembro de um testemunho que ouvi de uma amiga em que ela narrava que só percebeu o tamanho da nocividade da novela na vida dela quando, se pegou torcendo para que o personagem principal abandonasse a esposa, e se entregasse a um adultério. Claro que, na história, ele era um “bom” homem, oprimido por uma esposa “má” e feia e a linda mocinha pela qual ele se “enamorou” era tão virtuosa que quase não aceitou ficar com um homem casado. Qualquer conteúdo é confiável? Não mesmo.
Para o quê a maratona das séries que você assiste ou o filme com 3 sequências acaba programando sua vida? Já notou alguma mudança de comportamento ou pensamento depois desses vícios audiovisuais? Se não notou, pior ainda. Melhor perguntar para a família e os amigos, com certeza eles notaram.
Quizz do episódio 2 (alerta de spoiler!)
Quem é fã de ficção científica e quadrinhos já assistiu X-Men 3: O Confronto Final (2006). O filme tem um final eletrizante e faz apologia (nos induz a pensar que é certo) a um pecado grave, que é constantemente e incessantemente combatido pela Igreja: a eutanásia! Se você assistiu e não notou isso, perdeu 3 pontos e precisa começar a pensar mais nos venenos que está tomando enquanto vê um “inocente” entretenimento.
Se além de não notar nada de errado no filme, você ainda saiu pensando que o Wolverine demonstrou que amava muito a Jean Grey, pois a matou para “acabar com o sofrimento dela”, o que dizer? Você não tem mais pontos para perder no quizz, já foi à falência. É melhor você abandonar as séries e filmes por um tempo, e se dedicar mais ao Catecismo da Igreja Católica para tentar acumular um mínimo de capital para a sua fé.
Se não ficou nervosinho com o conteúdo desse episódio e resolveu abandonar essa série para zapear por aí, você está pronto para o nosso final de temporada no episódio 3!
Episódio 3 – season finale
Nesse episódio que fecha e esclarece tudo, precisamos voltar à frase de São Paulo para os coríntios: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (Cf. I Cor 6, 12) Imprima essa frase e a coloque à direita da televisão (computador, tablet (…)) para não esquecer. À esquerda, escreva: “Quem julga estar de pé, fique atento para que não caia” (Cf. I Cor 10, 12).
Ou seja, como o sentido de leitura no ocidente é da esquerda para a direita, deve-se sempre começar com o alerta de não achar que se está seguro: o que se irá assistir não é uma perigosa pedra de tropeço que irá nos levar para o pecado e para a morte? Quem acha que está blindado contra o pecado é ignorante ou prepotente e percorre a estrada que seguramente leva ao desastre.
Assista, avalie, desista!
Passado o primeiro crivo, assista sem medo mas, de vez em quando, é bom olhar para a direita e se deparar com o outro ensinamento de Paulo: o que estou vendo, concorre para o meu bem e me convém ou me faz perder tempo precioso com algo inútil? A frequência e período da minha vida que estou dedicando a esta série é conveniente? O que se esconde por trás desta linda produção?
Assim, somada à fórmula do padre Léo: ligue, assista, desligue; pode-se juntar outra: assista, avalie, desista! Ou, se não é necessário desistir, pelo menos, intercale com outras atividades e não se escravize, pois: “vós, irmãos, fostes chamados para a liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais” (Cf. Gl 5, 13).
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.” (Cf. Mt 6, 24a)
Flavio Crepaldi é casado e pai de 3 filhas. Especialista em Gestão Estratégica de Negócios,graduado em Produção Publicitária e com formação em Artes Cênicas. É colaborador na TV Canção Nova desde 2006 e atualmente cursa uma nova graduação em Teologia com ênfase em Doutrina Católica.
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