O casamento precisa ser uma relação de troca e cumplicidade vivida pelo casal
Vivemos o que muitos sociólogos dizem: uma pós-modernidade, caracterizada por mudanças drásticas no modo de se colocar no mundo; e nisso o homem pós-moderno não é o mesmo que o de antes, ele é fortemente influenciado por essas mudanças caracterizadas pela desconstrução de certezas como relativismo, pluralismo, falta de referências, crises afetivas, consumismo desenfreado, superficialidade, culto ao corpo, perda total de sentido entre outras coisas; porém, o individualismo parece assumir um lugar de destaque.
O que essa aula de sociologia tem a ver com o verdadeiro amor? Tudo, pois ele também sofre com tais mudanças. Percebemos esse resultado na dinâmica do casamento. Casar-se é ter disposição de viver a conjugalidade, porém, essa tem sido ameaçada pela valorização da possível liberdade, a satisfação de cada cônjuge em detrimento do outro, a perda de uma zona de interação entre eles e, assim, uma consequente dependência doentia.
O desafio do casamento
Se a pós-modernidade favorece ao indivíduo o relativismo no pensar, cada um pode agir como lhe convém, o que leva cada um a criar sua ideia e regra a respeito do amor, do homem, da mulher, da família e da fidelidade; entre outras ideias a própria ideia sobre o casamento. Se podemos ser tudo, acabamos não sendo nada; e o nada é vazio, por isso acompanhamos tantos casamentos vazios.
Estamos de tal forma vivendo esse vazio do pensamento, de que tudo pode, e acabamos vivendo a vida da forma que convém, não nos prontificando a viver as exigências de uma vida a dois. Dessa forma, corremos o risco de valorizar o casamento somente quando ele nos proporciona uma sensação de bem-estar, não possuindo a força interior para enfrentar as experiências difíceis que fazem parte do estar a dois sendo um.
Sei que casar é bom demais, mas, como tudo que é bom tem seu valor, logo seu preço a ser pago! Como é doloroso acompanharmos casais que se casam, mas, infelizmente, continuam com a cabeça de solteiros. São casais que não são casais. Os homens querem continuar com a vida como era antes e as mulheres reivindicam o direito de ser o que querem e fazer o que lhe “der na telha”. Não conseguem harmonizar a individualidade e a conjugalidade e acabam por viver o individualismo.
Ser um só sem perder a essência
O individualismo é destrutivo ao amor verdadeiro, pois faz com que olhemos somente para nosso umbigo, enquanto a individualidade nos leva a sermos nós mesmos para o outro.
Quando estou no individualismo, busco caminhos fáceis, torno-me imaturo e infantil, não permito que o outro apareça, pois isso é me tornar “não visto”, e logo se instala o conflito conjugal; e nem de longe há lugar para a belíssima experiência de conjugalidade. O casamento é utilizado para satisfazer somente necessidades individuais sem compromissos duradouros, tendo como resultado pessoas fragmentadas.
O casamento é fonte de integração. Quando há amor verdadeiro, duas pessoas inteiras podem ser elas mesmas, são livres e autênticas no que têm de bom e não tão bom, mas ambas saem enriquecidas com essa relação. A construção da conjugalidade torna-se fonte de sustento para o amor, e jamais um campo minado onde, a qualquer momento, acontecerá uma mega explosão!
Como ser dois sendo um, e um sendo dois? Eis o desafio! Eis a aventura a se viver, rimar individualidade com conjugalidade.
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