Ser mulher é um dom, uma escolha de Deus

Ser mulher é um dom, uma escolha de Deus, que não diminui nem exalta a vocação humana

Quem recebe um dom, recebe também a tarefa de cuidar dele e fazê-lo frutificar. É natural que seja assim. Quando recebemos um vaso com flores, precisamos cultivá-lo para que continue florido. Da mesma forma, um filho que nasce traz alegria ao lar, mas precisa de cuidados para crescer e tornar-se homem. Ser mulher é um dom, uma escolha de Deus, que não diminui nem exalta a vocação humana, mas, justamente por ser dom, traz em si a tarefa de corresponder à missão que lhe é confiada.

Mulher é um dom para enriquecer o mundo
O saudoso Papa João Paulo II, em sua Carta às Mulheres, diz que pelo simples facto de sermos mulheres, com a percepção que é própria da feminilidade, enriquecemos a compreensão do mundo e contribuímos para a verdade plena das relações humanas.

Enriquecer a compreensão do mundo e contribuir para a verdade das relações humanas é uma tarefa possível para a mulher que acolhe o dom recebido do Criador.

Acredito que ser mulher é um dom colocado a serviço do mundo, dá um sentido mais suave às realidades duras que a humanidade inevitavelmente enfrenta, pois é próprio da mulher gerar vida, harmonia e beleza onde está. Também diz do seu instinto amenizar a dor, incentivar, dar conselhos, acolher e lutar por aquilo que acredita. E isso diz da sua natureza, é dom do Criador.

A meu ver, não há como igualar o dom e a tarefa da mulher com o dom e a tarefa do homem, são realidades profundamente distintas e igualmente enriquecedoras para o desenvolvimento sádio da sociedade, mas uma não substitui nem se iguala à outra.

Reconhecer e assumir essa realidade já é um grande passo para a realização plena de cada um como pessoa, criada e amada por Deus. Essa atitude gera gratidão, e quanto mais gratos nos sentimos, tanto mais podemos colaborar com o projeto de Deus, tanto em nossa vida, como na vida dos outros.

Acredito que a gratidão expressa pode ser um bálsamo para aliviar muitas dores. João Paulo II, que sempre exaltou a dignidade da pessoa humana, expressou seu reconhecimento e gratidão às mulheres de todo mundo, na sua carta escrita e publicada em 1995.

Palavras de João Paulo II que revelam o dom e a nobre tarefa feminina
Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.

Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.

Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.

Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, económica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do mistério.

Reconhecer quem realmente somos e viver de acordo com a nobreza da vocação que recebemos pode ser a forma mais original de celebrar o dom e a tarefa de ser mulher.