Sacerdote descreve a sua saída do país, no meio do caos no aeroporto de Cabul, como “um milagre”

“A nossa saída do Afeganistão foi um verdadeiro milagre. Um dia depois de termos partido, ocorreu a explosão terrorista no aeroporto. Se não tivéssemos saído naquele dia, talvez não tivéssemos conseguido fugir.” As palavras são do Padre Giovanni Scalese, da ordem dos Escriturários Regulares de São Paulo, os Barnabitas, em declarações ao programa de rádio da Fundação AIS em Espanha.

As imagens do caos no aeroporto, com multidões a procurar abandonar o país, correram mundo. Assim como o desespero que se seguiu ao ataque terrorista levado a cabo por uma célula local do grupo jihadista Estado Islâmico no dia 26 de Agosto. O balanço foi trágico: 183 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos, e mais de duas centenas de feridos.

O atentado veio agravar ainda mais a situação que se vivia na capital afegã depois da conquista da cidade pelos Talibãs a 15 de Agosto e do ex-presidente ter abandonado o país.

Com a tomada de poder e a declaração de um Emirado Islâmico no Afeganistão, a situação no país tornou-se caótica. O medo levou milhares de pessoas a fugir procurando em desespero chegar ao aeroporto onde os militares norte-americanos estavam a promover uma gigantesca operação de evacuação. Foi num desses últimos aviões que o Padre Scalese partiu.

“Quase todos deixaram o Afeganistão antes de nós”, explicou o Padre Scalese aos microfones da Fundação AIS. Mas muitos ficaram ainda. O futuro neste país agora gerido pelos Talibãs é uma incógnita. “Neste momento, a única ajuda que podemos dar são as nossas orações. Eu próprio pude experienciar pessoalmente a grande eficácia da oração unânime da Igreja”, disse ainda o sacerdote à conversa com Josué Villallon, lembrando que “a missão no Afeganistão foi consagrada ao Imaculado Coração de Maria no dia 13 de Outubro de 2017, no final do centésimo aniversário das aparições de Fátima”.

A população católica no Afeganistão é muito reduzida. A missão dos padres Barnabitas, por exemplo, estava confinada à embaixada italiana em Cabul, onde o Padre Scalese realizava os serviços religiosos, nomeadamente celebrando a Santa Missa e outros sacramentos não só para os funcionários deste país como para todas as pessoas que o desejassem, nomeadamente elementos de outras representações diplomáticas.

Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal