S. João de Brito, santo português e evangelizador do Oriente

A Igreja Católica assinala a memória de S. João de Brito a 4 de Fevereiro.

Nasceu em Lisboa (Portugal), no dia 1 de março de 1647, no seio de uma família nobre. Desde cedo, São João dava testemunho da busca de viver em Deus. De saúde muito frágil: certa vez os médicos chegaram a perder as esperanças, mas a sua mãe, clamou para o céu em oração e intercessão, tendo feito mesmo uma promessa a São Francisco Xavier e o pequeno João, milagrosamente, recobrou a saúde. Entrou na Companhia de Jesus, com 15 anos e, depois de ordenado sacerdote, embarcou para as missões da Índia, onde trabalhou no meio de grandes sofrimentos e perseguições, mas também com grande fruto apostólico. Foi de lá enviado à Europa como Procurador das Missões e de novo partiu para a Índia, onde foi martirizado.

Pensamos que só podemos compreender João de Brito se tivermos em conta a perspetiva cristã de que o Reino do Pai não é deste mundo (cf. Jo 18,36). As ações de João brotavam de um amor infinito pelo próximo (cf. Mt 5,43-48; Jo 13,34-35) que ele queria espalhar entre as populações que ainda não conheciam Jesus Cristo. O dia a dia de João enraízava-se, pois, no Evangelho; era aí que ele encontrava a força para cristianizar e para suportar com paciência e amor todos os obstáculos que lhe surgiam e todos os sacrifícios por que passava. João de Brito vivia feliz por acreditar que a sua atividade levava à salvação de muitos dos seus irmãos e que assim cumpria a missão a que Deus o chamara. Embora vivesse no mundo, João pautava-se por valores que não se limitam na nossa existência terrena (cf Jo 17, 1-25).

João de Brito, por todo o lado onde passou, tentou adaptar-se aos hábitos e costumes dos povos a quem era enviado, no entanto, podemos afirmar, como outros já o fizeram, que não era o seu método que fazia as conversões, mas a sua alegria contagiante, a sua personalidade amiga e acolhedora, a sua abnegação, a sua presença e a sua evidente santidade.

No entanto, as adesões ao Cristianismo não eram fáceis: tanto os convertidos quanto os missionários que preparavam a sua conversão eram mal vistos, chegando a ser perseguidos, acusados de todos os males que sucediam nas comunidades e, muitos deles foram torturados e mortos. As perseguições, mesmo dentro das famílias, eram tão poderosas que alguns recém batizados apostatavam e regressavam à sua antiga religião. Para além destas situações, João de Brito movia-se num clima de instabilidade política constante e feroz: as guerras sucediam-se dificultando as viagens e, por isso, a proximidade e apoio às comunidades cristãs recém formadas tornavam-se muito difíceis.

Apesar de tudo isso, João era incansável. Debaixo de um calor abrasador, desdobrava-se para estar próximo, para ouvir em confissão, para ensinar, para escutar e aconselhar. E o Cristianismo propagava-se paulatinamente.

Sofria ameaças externamente, mas internamente também não era bem compreendido: o seu Provincial não entendia os seus métodos de evangelização chamou-o a justificar-se. João de Brito obedeceu mas interiormente percebia que era uma perda de tempo: porque não queriam aceitar os seus métodos e forma de ser e porque se ausentara da missão (sentia que o pastor abandonara o rebanho). No entanto, manteve-se sempre fiel à sua vocação.

É perseguido, preso e martirizado várias vezes, mas sempre reconhece a proteção de Deus e a necessidade de evangelizar. A todos encorajava quer por palavras quer pelo exemplo.

Vem uma vez a Portugal, e o rei D. Pedro II, seu amigo de infância, faz de tudo para o reter na corte, para que ele seja o educador do príncipe. João de Brito é fiel à sua vocação. Não cede e ainda convence o rei a deixá-lo levar alguns missionários, que ele próprio prepara para o trabalho apostólico naquela região.

Regressado à Índia, vai visitar as “suas” comunidades e segue o seu caminho, evangelizando.

Volta a ser perseguido, é preso e condenado à morte por degolamento. Caminha para o seu fim com a alegria que sempre o caracterizou. Sabe que aqueles que escutam a Palavra e a vivem plenamente nunca experimentaram a morte. Configurado com o seu Mestre, segue ao Seu encontro no dia 4 de Fevereiro de 1693.

Foi canonizado em 22 de Junho de 1947, pelo Papa Pio XII.