A vice-postuladora da causa de canonização da Irmã Lúcia (1907-2005) disse à Agência ECCLESIA que a vida da religiosa na clausura nunca a impediu de acompanhar as pessoas e divulgar a Mensagem de Fátima.
“A Irmã Lúcia nunca esteve distante do mundo, das nossas preocupações, daquilo que é o nosso quotidiano, sempre esteve próxima e qualquer pessoa que lhe escrevesse a relatar uma dificuldade familiar, pessoal, de trabalho, de saúde, a Irmã Lúcia respondia preocupando-se concretamente com essas coisas”, refere a irmã Ângela Coelho.
A responsável é uma das entrevistadas da mais recente edição do Semanário ECCLESIA, com um dossier dedicado ao encerramento da fase diocesana da causa de canonização da vidente de Fátima.
Nascida em Aljustrel a 18 de março de 1907, Lúcia dos Santos viveu as Aparições de Nossa Senhora em Fátima com 10 anos, um conjunto de acontecimentos que testemunhou em conjunto com dois primos mais novos, os outros videntes, conhecidos com os Pastorinhos, Francisco e Jacinta Marto.
Até à sua morte, a pouco mais de um mês de fazer 98 anos, a Irmã Lúcia dedicou a sua vida à transmitir às pessoas o que experimentou no encontro com Nossa Senhora e na mensagem que recebeu, mesmo depois de ter entrado para a vida consagrada e de clausura, como religiosa carmelita, em 1949.
“Uma aparente contradição é que, embora fosse uma religiosa carmelita na clausura, e tendo a protegê-la ainda algumas disciplinas por parte da Igreja que a tentaram proteger ao longo destes últimos anos, Lúcia é uma mulher que comunica com muita gente”, recorda a irmã Ângela Coelho.
Segundo a vice-postuladora, “a difusão que a vidente faz da Mensagem de Fátima”, ao longo da sua vida, “sobretudo por carta, por escrita, mas também no contacto pessoal é extraordinária”.
As temáticas vão desde a mensagem de Fátima à vida concreta das pessoas, na resposta aos pedidos que faziam.
Nos primeiros anos, “sobretudo quando Lúcia ainda escrevia muito livremente”, a prioridade era “difundir o que Nossa Senhora lhe tinha pedido”.
“Era o que ela sabia que, deixe-me expressar assim, agradava ao céu, que Deus gostava, que o deixava feliz, o que dava glória à Santíssima Trindade, portanto esta preocupação com o transcendente, com o sagrado”, recorda a irmã Ângela Coelho.
Uma das grandes “linhas de força” na comunicação da Irmã Lúcia era portanto esta consciência de que ela era “portadora desta mensagem para o mundo, e sozinha uma vez que os primos tinham morrido”.
De acordo com a irmã Ângela Coelho, outra prioridade presente nas suas cartas e memórias era a “preocupação sincera pelo quotidiano das pessoas, com as suas dores, com os seus sofrimentos, também com as suas alegrias do quotidiano”.
“Nós temos a Lúcia a alegrar-se com as alegrias das famílias, dos trabalhadores, de profissionais e temos a Lúcia a sofrer e a preocupar-se com problemas de saúde, com aflições e angústias de todo o tipo que lhe chegavam”, conta a religiosa, que realça também a preocupação e a atenção da pastorinha de Fátima aos pormenores.
“Quando alguém lhe conta um problema, a irmã Lúcia reza, da próxima vez é a irmã Lúcia que pergunta sobre essa situação. Vê-se que ela fixa, que guarda e que reza”, complementa.
A Diocese de Coimbra e a vice-postulação da Causa de Canonização da Irmã Lúcia (1907-2005) vão promover a 13 de fevereiro a sessão de clausura do inquérito diocesano, que exigiu a análise de milhares de cartas e escritos.
Esta fase do processo de canonização da vidente de Fátima reúne todos os escritos da Irmã Lúcia, os depoimentos das testemunhas ouvidas acerca da sua fama de santidade e das suas virtudes heroicas, passando agora para a competência direta da Santa Sé e do Papa.
Fonte: Agência Ecclesia
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